O islâmico tunisiano que praticou o ataque terrorista que matou 12 pessoas em Berlim foi morto em uma troca de tiros com a polícia na quinta-feira em Milão, na Itália, disse o ministro italiano do Interior, Marco Minniti. O terrorista Anis Amri, de 24 anos, estava sendo procurado por vários países da Europa. Ele foi flagrado quando caminhava sozinho em uma praça de Milão durante a madrugada, às 03 horas. Policiais o abordaram e pediram pelos seus documentos, em um procedimento regular de patrulha. No entanto, o jovem tirou repentinamente uma arma da mochila e feriu um dos dois policiais nas costas. O outro policial rapidamente disparou contra o suspeito e ele morreu com o tiro. Antes de atirar, Amri ainda gritou "Deus é grande" (Allah akbar). Algumas horas depois, a agência ligada à organização terrorista Estado Islâmico, que reivindicou o ataque em Berlim, confirmou que o homem abatido em Milão foi o autor do atentado. Minniti também já afirmou que não há dúvida de que a pessoa morta é mesmo o terrorista tunisiano. Ele agradeceu ao policial que foi baleado por Amri, Christian Movio, de 36 anos, em nome do governo. E disse ainda que a Itália deve se sentir orgulhosa das suas forças de segurança: "Ele era o homem mais procurado na Europa e foi imediatamente identificado e neutralizado. Isto significa que a nossa segurança está funcionando muito bem". O chefe da polícia italiana admitiu que o suspeito foi encontrado por acaso, uma vez que as autoridades não faziam idéia de que Amri estava em Milão. Os policiais que o abordaram também não sabiam que estavam abordando o homem mais procurado da Europa. O agente, que efetivamente disparou contra Amri, se chama Luca Scatà e, aos 29 anos, tem apenas nove meses de serviço na polícia. "Não tinhamos conhecimento de que ele poderia estar em Milão", disse Antonio De Iesu: "Eles (os policiais) não sabiam que poderia ser ele. Se soubessem, teriam sido muito mais cuidadosos".
Já um porta-voz do Ministério do Interior da Alemanha disse que a morte do terrorista é um alívio para o país, depois de vários dias de uma intensa caçada pela Europa: "Estamos agradecidos às autoridades italianas pelo estreito intercâmbio de informações que aconteceu, em total confiança, durante a madrugada", disse o porta-voz da diplomacia alemã, Martin Schäfer. O ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, confirmou que a investigação sobre o caso continuará em andamento. Ele reforçou que o nível de ameaça terrorista no país continua alto. No corpo do terrorista tunisiano foi encontrada uma passagem de trem, que pode ajudar as autoridades a reconstruir a sua movimentação após o atentado. Ele teria pegado um trem de Chambery, na França, passando pela cidade de Turim, na Itália, até chegar a Milão. Ele teria chegado à estação central de trem à uma da manhã, apenas duas horas antes que os policiais italianos o abordassem na rua. As imagens publicadas pela polícia alemã e as impressões digitais colhidas no caminhão do ataque permitiram a identificação do corpo do suspeito, confirmado que era verdadeiramente Amri o homem que se envolveu no confronto com os policiais em Milão. Agora, os investigadores trabalham para descobrir se a pistola que Amri usou contra os agentes de segurança era a mesma que ele usou para matar o motorista polonês que originalmente dirigia o caminhão do atentado, sequestrado especialmente para o ataque. Um repórter do "Deutsche Welle" conversou com um dos irmãos de Amri após a confirmação da sua morte. "Estamos chocados e toda a família está em uma situação difícil. Sem comentários", disse o irmão, que vive na Tunísia. Amri foi filmado por câmeras da polícia em uma mesquita na madrugada de terça-feira, apenas algumas horas após o atentado. Naquele momento, no entanto, ele ainda não era suspeito de ter avançado com um caminhão sobre a multidão que se divertia em um mercado de Natal.
Amri já havia passado pela Itália anteriormente. Ele chegou ao país em 2011, junto com outras dezenas de milhares de imigrantes tunisianos, que fugiram de barco do seu país durante a Primavera Árabe. Lá, ele passou quase quatro anos em seis prisões diferentes da Sicília sob várias acusações, incluindo por ter provocado um incêndio em um centro de refugiados. A família do jovem, incluindo dois dos seus irmãos, afirmaram que ele poderia ter se radicalizado dentro da prisão. Autoridades italianas já haviam relatado que Amri teve comportamentos violentos dentro da prisão — e a sua má conduta levou à sua transferência de prisão em prisão. Atrás das grades, ele provocava seus companheiros de cela e tentava começar rebeliões. Em julho passado, Amri foi preso na cidade de Friedrichshafen, na Alemanha, e deveria ter ficado na prisão aguardando a deportação. Mas foi libertado no dia seguinte por ordem do Departamento dos Refugiados da cidade de Kleve, na Renânia, a primeira residência dele na Alemanha, quando chegou, vindo da Itália, em julho do ano passado. A exemplo do jihadista que, no final de julho, explodiu uma bomba suicida na entrada de uma discoteca na cidade de Ansbach, no Sul da Alemanha, Amri também tinha um status de “tolerado” concedido pelas autoridades alemães, após o pedido de asilo político ter sido recusado. Amri aprendeu a dirigir caminhão e planejou o atentado praticamente debaixo do nariz das autoridades. Na sua página no Facebook, só apagada na quarta-feira, ele mostrava com orgulho o seu mundo extremista. No último post, de agosto de 2015, posa como jihadista. Na quinta-feira, mais de cem agentes participaram de uma batida no centro de refugiados de Emmerich, no Oeste do país, onde Amri viveu por alguns meses. Foram efetuadas buscas também no bairro berlinense de Prenzlauer Berg.
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