A porta roubada do campo de concentração nazista de Dachau, que incluía a inscrição "Arbeit macht frei" - o trabalho liberta -, foi encontrada em bom estado na Noruega, anunciou nesta sexta-feira a polícia da região alemã da Baviera. A porta "foi encontrada esta semana nos arredores de Bergen", no sudoeste da Noruega. Ela "estava ao ar livre" e foi achada "graças a uma denúncia anônima", disse Margrethe Myrmehl Gudbranson, porta-voz da polícia de Bergen. A funcionária confirmou que a porta, com a irônica frase destinada a seus prisioneiros, estava "em um bom estado", apesar de "ser ver claramente que havia permanecido em um local aberto" por muito tempo. Nenhuma afirmação foi dada a respeito de eventuais prisões em relação ao roubo da porta de 100 quilos, relatado em 2 de novembro de 2014, um ato que a chanceler alemã, Angela Merkel, qualificou como "abominável". Em um comunicado, a polícia norueguesa indicou que a porta será "devolvida às autoridades alemãs o quanto antes possível". A polícia da Baviera ofereceu uma recompensa de 10 mil euros para quem encontrasse a porta de dois metros de altura. "É um alívio que esta prova de cinismo e de falta de humanidade nazista tenha sido recuperada", comemorou Karl Freller, diretor da fundação de memoriais da Baviera. Depois do roubo, um ferreiro da região preparou uma réplica da porta, que foi exibida em 29 de abril de 2015 pelo 70º aniversário da libertação do campo de concentração e extermínio de Dachau pelas tropas americanas no fim da Segunda Guerra Mundial. Localizado a poucos quilômetros de Munique, Dachau foi aberto em 22 de março de 1933, menos de dois meses depois da chegada de Adolf Hitler ao poder. Utilizado em um primeiro momento para prender opositores ao nazismo, Dachau se tornou um campo de concentração após o início da Segunda Guerra Mundial. Mais de 206 mil prisioneiros passaram por suas instalações, vindos de 30 países, entre eles o ex-primeiro-ministro francês de origem judaica León Blum. Até a libertação de Dachau, 41 mil prisioneiros morreram executados ou vítimas da fome, exaustão e doenças. O campo de concentração, transformado em um memorial, recebe 800 mil visitantes a cada ano. Em 2009, também foi roubada do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, a mesma inscrição em metal - "o trabalho liberta" -, recuperada no ano seguinte, mas separada em três fragmentos, que foram unidos em 2011. O instigador do roubo, o líder neonazista sueco Anders Hogstrom, foi condenado a dois anos e oito meses de prisão.
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