quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Maria de Fátima Zachia Paludo, mais do mesmo no governo Marchezan na prefeitura de Porto Alegre


Há um livro de leitura fundamental para se entender o que acontece no decadente e falido Rio Grande do Sul e Porto Alegre. Trata-se de "Il gattopardo", traduzido para português como "O Leopardo", único romance escrito por Giuseppe Tomasi di Lampedusa. O autor buscou sua inspiração nas histórias de sua antiga família e, em particular, na vida de um seu antepassado que viveu nos anos cruciais do Risorgimento, no reinado de Francisco II das Duas Sicílias. Escrito entre os fins de 1954 e 1957 foi apresentado inicialmente aos editores Einaudi e Mondadori, que refutaram a publicação, o que só veio a ocorrer postumamente, por Feltrinelli, com prefácio a cargo de Giorgio Bassani. Em 1959 recebeu o "Prêmio Strega" e, em 1963, Luchino Visconti adaptou a obra para o seu filme homônimo: "Il gattopardo". O nome do romance teve origem no brasão da família Tommasi e é assim referido no romance: "Nós fomos os Leopardos, os Leões; quem nos substituirá serão os pequenos chacais, as hienas; e todos - leopardos, chacais e ovelhas - continuaremos a acreditar que somos o sal da terra". Lampedusa nasceu em 23 de dezembro de 1896, em Palermo, e morreu em 23 de julho de 1957, aos 60 anos, em Roma. Tomasi de Lampedusa era filho de Giulio Maria Tomasi, príncipe de Lampedusa, e Beatrice Mastrogiovanni Tasca de Cutò. Tornou-se o único rebento do casal após a morte por difteria de sua irmã. Ele era muito apegado à mãe, pessoa de personalidade forte que muito influenciou seus ideais, especialmente em função de seu pai manter-se frio e distante. Quando criança, Tomasi estudou em sua mansão em Palermo com um tutor (que ministrava disciplinas como literatura e inglês), com a mãe (que conversava com ele em francês) e com sua avó, que costumava ler para o menino romances de Emilio Salgari. No pequeno teatro da residência, em Santa Margherita Relice, onde ele passava suas férias, assistiu pela primeira vez peças como Hamlet, encenada por uma trupe itinerante. No início de 1911, cursou o liceu clássico em Roma e, posteriormente, em Palermo; mudou-se definitivamente para Roma em 1915 e matriculou-se na faculdade de Direito; entretanto, naquele ano ele foi convocado pelo serviço militar, lutando na batalha de Caporetto, onde caiu prisioneiro dos austríacos, com a derrota italiana. Foi mantido preso em um campo de prisioneiros de guerra na Hungria, fez um plano de fuga, retornando a pé à Itália. Depois de ser promovido a tenente, retornou para a Sicília, alternando períodos na ilha e retomando seus estudos de literatura estrangeira. Em Riga, Letônia, casou-se no ano de 1932 com Alexandra Wolff Stomersee, apelido "Licy", uma estudante de psicanálise de uma família nobre de origem alemã. No início viveram com a mãe de Lampedusa, em Palermo, mas logo a incompatibilidade entre as duas mulheres obrigou Licy a retornar à Letônia. Em 1934, seu pai faleceu e Tomasi recebeu seu título principesco. Ele foi convocado a retornar ao exército em 1940, mas, sendo o responsável por uma grande propriedade agrícola familiar, pôde voltar logo a sua casa para retomar seus negócios. Tomasi e sua mãe refugiaram-se em Capo d'Orlando, aonde ele pôde voltar a Licy; eles sobreviveram à guerra, mas seu palácio em Palermo não. Após a morte da mãe, em 1946, Tomasi voltou a viver com sua esposa em Palermo. Em 1953, ele passou a dedicar a maior parte de seu tempo a um grupo de jovens intelectuais, um dos quais era Gioacchino Lanza, com quem fomentou grande afinidade e, no ano seguinte, adotou-o legalmente como filho. "Il Gattopardo" trata de uma família nobre cujo brasão ostenta o animal referido no título do romance, destacando-se Don Fabrizio Corbera, Príncipe de Salina, no contexto do Risorgimento. Talvez o trecho mais memorável do livro seja o discurso do sobrinho de Don Fabrizio, Tancredi, o arruinado e simpático oportunista príncipe de Falconeri, incitando seu tio cético e conservador a abandonar sua lealdade aos Bourbons do Reino das Duas Sicílias e aliar-se aos Saboia: "A não ser que nos salvemos, dando-nos as mãos agora, eles nos submeterão à República. Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude". "Gattopardo" pode ser uma citação ao felino selvagem, que foi violentamente caçado na Itália até sua extinção, em meados do século XIX, exatamente a época em que Don Fabrizio testemunhava impotente o declínio e a indolência da aristocracia siciliana. A obra foi muito criticada pelos críticos literários por "combinar realismo com uma estética decadente". O que só comprova o quanto críticos podem ser imbecis a ponto do não reconhecimento de uma obra prima. Em 1963, "Il Gatopardo" foi imortalizado no cinema pela produção genial do cineasta Luchino Visconti, estrelada por Burt Lancaster, Alain Delon e Claudia Cardinale, todos atuando em grandes papéis. A história do filme é a seguinte: em 1860, Garibaldi luta no movimento de unificação da Itália; D. Fabrizio (Burt Lancaster) é um aristocrata que tenta manter o antigo modo de vida, apesar dos tempos de mudança; para ele, a ascensão da burguesia é uma ameaça. contudo, em uma manobra astuta, combina o casamento do seu sobrinho Tancredi (Alain Delon) com Angélica (Claudia Cardinali), filha de um rico e influente dono de propriedades. Fiel a seus valores, o aristocrata consegue assim manter acesa a chama do antigo regime. Em resumo, Lampedusa construiu um monumento literário sobre a decadência, o fim de uma era. Tudo no livro remete ao Rio Grande do Sul e a Porto Alegre. Embora não tenha havido reinados no Estado, sua elite considerou-se por um bom tempo uma espécie de aristocracia provincial, ao estilo siciliano. Agora em violenta crise, essa aristocracia provinciana ainda não se deu conta de que chegou a hora de entregar os anéis para não perder os dedos. Neste momento, a aristocracia (elite atual) provinciana gaúcha se alia de novo para manter o poder. O povo de Porto Alegre decidiu que não queria a continuidade do poder que estava estabelecido na prefeitura, composto basicamente pelos políticos do PDT e PMDB. Escorraçou-os no voto. O que fizeram então os políticos? Voltaram a se entender nos conchavos. E, mais uma vez o PMDB está de volta à prefeitura. O selo dessa aliança espúria, contra o desejo do povo portoalegrense, é a nomeação para o secretariado de Nelson Marchezan Jr da neófita Fátima Zachia Paludo para o mais poderoso cargo na área sócial, a nova Secretaria de Desenvolvimento Social, que reunirá as áreas de habitação, direitos humanos, assistência social, acessibilidade e igualdade racial. Fátima Zachia Paludo é ex-defensora geral do Estado do Rio Grande do Sul. Mas, ela é especialmente uma espécie de matriarca do clã Zachia. Ela supervisiona o clã Zachia. E assume cargo em face do impedimento momentâneo de seu irmão, o ex-deputado Luiz Fernando Salvadori Zachia, ex-secretário municipal de Meio Ambiente, que foi preso enquanto exercia este cargo e que está à espera de uma provável denúncia criminal pelo Ministério Público Federal, ao lado de outro ex-peemedebista, Berfran Rosado, que também foi preso. Assim, sem parecer, Nelson Marchezan Jr. fechou um acordo com o PMDB e ganha os votos da bancada peemedebista na Câmara Municipal. Ou seja, como o personagem de "Il Gattopardo", ele muda tudo para que tudo fique como está. Os "gatos" são os de sempre, com nova roupagem, mas mantêm suas unhas afiadas. O derrotado vice-prefeito peemedebista atual fica quieto, porque já foi agraciado esta semana com a concessão do título de cidadão emérito e honorário da cidade e, na Assembléia Legislativa, é dado como certo que ele será um dos deputados estaduais do partido em 2018. Ou seja, já teria recebido a garantia de uma vaga para si. Certamente não faltam patrocinadores para a solução deste o momento atual. Portanto, mudam os anéis de dedos, mas permanece tudo como está. O populacho idiota, que acreditou que é a fonte de todo o poder, com seu voto, foi mais uma vez iludido. Muda tudo para que tudo fique como sempre esteve. Maria de Fátima Zachia Paludo é mais do mesmo. Na foto, acima, você vê Maria de Fátima Zachia Paludo quando ela assumiu a chefia da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul, no governo de Yeda Crusius (PSDB), enquanto seu irmão reinava na chefia da Casa Civil, tudo antes da explosão do escândalo do Detran, sintetizado na Operação Rodin. Verifica-se na foto, feita no gabinete da governadora, a presença do secretário estadual da Justiça, Fernando Schuler, Agora ele é a eminência parda de Nelson Marchezan Jr assoprando em seus ouvidos os nomes que devem ser nomeados para a administração da capital gaúcha. Fernando Schuler é o ventríloquo dos grandes nomes do capitalismo guasca, tais como os Estima (Forjas Taurus), os Gerdau, os Goldenstein e os Ling, os grandes nomes do "liberalismo" gaúcho, que adoram mais do que ninguém os intelectuais comuno-petistas. Não muda nada, tudo se repete, com roupas diferentes.


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