quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Adriana Ancelmo já é hóspede de Bangu


A ex-primeira-dama do estado do Rio de Janeiro, Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador peemedebista Sérgio Cabral, foi transferida na noite desta terça-feira para o presídio Joaquim Ferreira, no Complexo Penitenciário de Bangu. Ela permaneceu calada, na Superintendência da Polícia Federal, no centro do Rio de Janeiro, acompanhada de advogados e do enteado e secretário estadual de Esportes, Marco Antonio Cabral. Antes de ser levada a Bangu, onde Sérgio Cabral também está preso, Adriana passou no Instituto Medico-Legal (IML) para exame de corpo de delito. Acusada de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa pela força-tarefa da Lava-Jato no Rio de Janeiro, a advogada se apresentou na tarde desta terça-feira na 7ª Vara Federal, onde corre o processo contra ela e o marido. A advogada teve o mandado de prisão preventiva expedido pelo juiz Marcelo Bretas. Também nesta terça-feira, Sérgio Cabral, Adriana e mais 11 pessoas viraram réus na Lava-Jato. Depois de procurar por Adriana no escritório dela no centro do Rio de Janeiro, a Polícia Federal foi à casa dela no Leblon, onde ela também não foi encontrada. Muitos curiosos se aglomeraram nas proximidades do edifício, com celulares em mãos para tentar documentar a prisão. Muitos gritaram "ladra" e"chegou a sua hora". Ao som de dois violinos, os manifestantes cantaram o Hino Nacional. Os violinistas tocaram, ainda, uma canção do filme Titanic. Entre os motivos para que a Justiça Federal aceitasse um novo pedido de prisão contra a advogada pelo Ministério Público — dois anteriores já haviam sido negados — estão contratos do escritório Ancelmo Advogados com empresas que receberam durante a gestão Cabral benefícios fiscais do governo fluminense e a suspeita de que ela estaria dando prosseguimento às práticas de corrupção e lavagem de dinheiro uma vez que não teria entregue todas as joias compradas pelo casal aos investigadores. "A requerida, advogada de grande prestígio no meio forense, não está sendo investigada pela prática de atos que ela teria cometido no exercício de função pública, e sim por participar de uma grande Organização Criminosa que, como apontam as investigações, teria se instalado na sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro, a partir do então Governador do Estado Sérgio Cabral, seu marido", diz trecho da decisão do magistrado. O escritório de Adriana Ancelmo arrecadou, em contratos com 40 clientes nos últimos oito anos (2008-2015), R$ 78 milhões. Os investigadores suspeitam de uma conexão entre os bilionários benefícios fiscais concedidos pelo governo Cabral — cerca de R$ 140 bilhões em renúncia entre 2008 e 2013 — e estes contratos. Figuram na lista de clientes da ex-primeira-dama a Telemar, a CSN, a Light, a Reginaves, o Metrô, a Brasken e a Unimed, entre outras favorecidas pelos benefícios.

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