Preso na Operação Calicute, desdobramento da Operação Lava Jato deflagrado na semana passada, Wagner Jordão Garcia, um dos ex-assessores do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, tentou fugir pouco antes de a Polícia Federal bater à porta de sua casa, no Leblon, zona Sul do Rio de Janeiro. O Ministério Público Federal suspeita que houve vazamento da operação. O procurador que acompanhou o cumprimento dos mandados de prisão e busca e apreensão contra Garcia informou ao juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos processos da Lava Jato no Estado, que às 5h55 da quinta-feira passada, quando a operação foi deflagrada, o ex-assessor de Sérgio Cabral desceu pelo elevador do edifício onde mora com 22.000 reais em dinheiro vivo, alocados dentro de uma maleta. Para Bretas, a intenção de Garcia era fugir do País. A conclusão do magistrado se baseia em interceptações telefônicas que mostram uma conversa entre Wagner Jordão Garcia e um homem chamado Rogério. No diálogo, gravado pelos investigadores, o interlocutor diz a Garcia que “perderam o azimute. Mas meu amigo, olha aqui, canja de galinha e Parrilla uruguaia, não mata niguém, não”. Como resposta, o ex-assessor de Cabral diz que “não mata não, e vai ter gente para o aeroporto correndo, hein” e “eu vou comer essa Parilla contigo, hein”. “As interceptações telefônicas autorizadas por este juízo comprovam que esse investigado manifestou intenção de fuga do País três dias antes de deflagrada a operação (14.11.2016) e mais, que o investigado Carlos Emanuel de Carvalho Miranda, chamado ‘homem da mala de Sérgio Cabral’ também pretendia fugir do País”, afirma Marcelo Bretas. O magistrado ainda diz considerar “graves os fatos relatados do órgão ministerial, bem como o teor dos diálogos interceptados, uma vez que o investigado integraria o núcleo administrativo do esquema de corrupção, sendo suspeito de ser um dos responsáveis por solicitar/receber propinas das empreiteiras Andrade Gutierrez e a Carioca Engenharia de por em prática esquemas de lavagem do dinheiro amealhado com a prática de delitos”. Os investigadores pediram a Marcelo Bretas que acrescentasse “efetivo risco de tentativa de fuga do investigado para o Exterior” entre os elementos que fundamentaram a prisão preventiva de Garcia. O magistrado deferiu o pedido.
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