Após prestar depoimento ao juiz Sergio Moro, Cláudia Cruz visitou o marido e ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na tarde desta quarta-feira, na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba. Em interrogatório na Justiça Federal, a jornalista falou por cerca de 20 minutos e respondeu apenas a perguntas da defesa. A jornalista é acusada de lavagem de dinheiro pelo Ministério Público Federal. Os procuradores afirmam que Cláudia mantinha uma conta secreta na Suíça, denominada Kopek, que recebeu US$ 165 mil oriundos de propina de um contrato da Petrobras para exploração de petróleo em Benin, na África. A defesa alega que Cláudia Cruz não sabia a origem do dinheiro e que não tentou ocultar qualquer valor, pois a conta foi aberta em nome dela, tem o seu endereço e o dinheiro foi usado para pagar faturas de cartões de crédito que também são de sua titularidade. Segundo o advogado Pierpaolo Bottini, a jornalista deverá repetir o que já disse em depoimento à força-tarefa da Lava-Jato, em abril passado. Cláudia Cruz afirmou que a conta na Suíça foi aberta por sugestão de Eduardo Cunha, para custeio dos filhos no exterior, e que foi ele quem levou os formulários para que ela assinasse. Disse ainda que a conta era abastecida por Cunha e que ela não sabia sequer o saldo. A jornalista afirmou também que ela perguntava a Cunha se podia fazer compras de luxo e ele autorizava. Relatou que não tinha ideia de quanto o marido ganhava, mas revelou que ele tinha ganhos no mercado financeiro e empresarial. O advogado argumenta que o simples fato de não declarar a conta na Suíça à Receita Federal no Brasil não configura lavagem de dinheiro, mas apenas evasão de divisas. A defesa sustentou em documento apresentado à Justiça que os recursos que abasteceram a conta e os valores não eram altos o suficiente para chamar a atenção da jornalista e fazer com que ela questionasse o marido. Em sete anos, segundo a defesa, a conta recebeu US$ 1 milhão, o que significa US$ 11 mil por mês. “Não se quer, com isso, afirmar que são valores ínfimos, mas apenas conferir aos fatos sua real dimensão e demonstrar que as transferências não eram absurdas a ponto de exigir uma tomada de contas de seu marido, para que ele explicasse a origem”, diz o documento da defesa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário