O ministro José Antonio Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, afirmou nesta segunda-feira (24) que é preciso "evitar trazer para o Judiciário todos os problemas da nação". O ministro falou em colóquio realizado pela Associação dos Advogados de São Paulo sobre o aumento de atribuições do Supremo. "Tudo pode ser judicializado no País. A Constituição estabeleceu inúmeros mecanismos de acionamento do STF", disse Toffoli. Para ele, o aumento do protagonismo do STF exige "prudência e consciência para que as decisões não interfiram no outro poder". "O Judiciário não deve ter a responsabilidade de gerir a nação porque os poderes são divididos e deve haver harmonia entre eles", completou. O ministro avaliou ainda que há uma diminuição do "crédito do Parlamento" e que a sociedade está "partida". "Hoje temos 27 partidos com representantes eleitos e o partido com maior bancada tem apenas 10% da Câmara", disse. Para ele, a proibição da cláusula de barreira foi um erro: "Foi um equívoco porque permitiu crescimento do número de partidos e acesso a fundo, rádio e TV a partidos sem expressão nas urnas". Entre os temas decididos pelo Supremo e mencionados por Toffoli estavam a guerra fiscal, cotas raciais, união civil de casais do mesmo sexo, constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa e da Lei da Anistia, se a Marcha da Maconha era induzir o crime, fim do financiamento empresarial de campanha, o processo de impeachment, demarcação de terras indígenas entre outros. Toffoli recordou que, até 2001, a investigação e julgamento de políticos pelo STF dependia de autorização da Casa Legislativa. Por isso, de 1988 a 2001, houve apenas seis ações penais na Corte. De lá pra cá, foram 622. O ministro afirmou, portanto, que não é correto dizer que o País vivia na impunidade: "As ações penais eram vedadas". Sobre a prerrogativa de foro, Toffoli afirmou que "o privilégio não é da pessoa, é uma proteção ao cargo e à instituição": "Um poder Judiciário local vai poder julgar um representante da nação? Temos que refletir".
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