O preço da gasolina deve cair R$ 0,03 para o consumidor, e não os R$ 0,05 estimados pela Petrobras, pelo cálculo do Sincopetro (sindicato dos postos de combustíveis de São Paulo). “O que a Petrobras esqueceu é que o etanol subiu por causa da entressafra”, disse José Alberto Gouveia, presidente da entidade. Segundo ele, a diferença deve-se à alta recente nos preços do álcool, que sobem devido à aproximação da entressafra da cana-de-açúcar. A gasolina tipo C, vendida no posto de combustível, tem 27% do biocombustível na mistura. De acordo com o Cepea/Esalq, que pesquisa preços agrícolas, o etanol está em alta desde julho — foram R$ 0,05 só na última semana. O repasse recente, informou Gouveia, foi de R$ 0,04. Elizabeth Farina, presidente da Unica (entidade da indústria da cana-de-açúcar), defende que o etanol sempre vai ter impacto sobre o preço da gasolina, mesmo que ele não suba, justamente porque ele é parte do produto que chega ao consumidor. E diz que a Petrobras não tem como controlar o repasse da redução da gasolina em toda a cadeia de distribuição. “É complicado antecipar o desconto para o consumidor, porque que pode frustrá-lo muito”, diz. “Se o preço do anidro subir, tem mais um componente de mudança no preço. Mas se na semana que vem o preço não cair, não se pode colocar a culpa no etanol”, defende a presidente da Unica. Para o presidente da consultoria do setor de açúcar e etanol Datagro, Plinio Nastari, os preços do etanol já subiram para acompanhar a escassez do combustível nos próximos meses e o biocombustível não deve ser o responsável pela queda menor que a projetada no preço da gasolina. “Se a estimativa da Petrobras vai chegar ao consumidor, vai depender da cadeia de distribuição", diz. Para ele, a competição entre os postos deverá garantir o desconto na bomba. Quando reduz o preço do combustível, a Petrobras faz o corte na refinaria. Até chegar ao consumidor, o produto passa pelas distribuidoras e pelos postos. "Na hora que muda na refinaria, ainda tem produto armazenado. Historicamente leva de quatro a a seis semanas para o preço cair", afirma Nastari.
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