O cantor e compositor americano Bob Dylan foi anunciado nesta quinta-feira como o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura 2016. A Academia Sueca destacou a contribuição de Dylan, de 75 anos, um músico que mesclou influências do folk à intensidade da poesia beatnik no início da carreira, para a tradição do cancioneiro americano, na qual “criou novas expressões poéticas”. Embora o nome de Dylan não seja de todo novo, porque já havia aparecido em casas de aposta em anos anteriores e havia sido citado por especialistas, o anúncio surpreendeu. Ele é apenas o segundo músico na história a vencer o prêmio — e o primeiro em 103 anos. Neste ano, nas casas de apostas londrinas, e também entre especialistas, os nomes fortes eram os de sempre, como o japonês Haruki Murakami e americano Philip Roth, além do queniano Ngũgĩ wa Thiong’o. “Ele é o grande poeta, um grande poeta dentro da tradição da língua inglesa. Um autor original que carrega com ele a tradição e está há mais de 50 anos inovando e se renovando”, disse a secretária permanente da Academia Sueca, Sara Danius, após o anúncio solene. Ela ainda comparou Dylan a gigantes da Antiguidade e citou um disco do músicos de 1966, "Blonde on Blonde", de faixas como "Visions of Johanna", "Just Like a Woman", "Rainy Day Woman" e "I Want You": “Se olharmos milhares de anos para trás, descobriremos Homero e Safo. Escreveram textos poéticos feitos para serem escutados e interpretados com instrumentos. O mesmo acontece com Bob Dylan. Pode e deve ser lido". De família judia, Bob Dylan nasceu em Duluth, Minnesota, em 1941, e foi criado na cidade de Hibbing, entre judeus de classe média. Sempre teve interesse por música e, na adolescência, fez parte de diversas bandas. Com o tempo, seu pendor pelo folk — especialmente por Woody Guthrie — e pela Geração Beat, cresceu, e moldou suas composições. Aos 20 anos, em um passo importante para dar início à carreira profissional, ele se mudou para Nova York e começou a se apresentar nos bares do efervescente Greenwich Village, bairro então tomado por hippies, cabeludos e outros representantes da contracultura. Foi logo descoberto pelo produtor John Hammond, com quem assinou contrato para o primeiro álbum, "Bob Dylan", lançado em 1962. Os anos seguintes seriam, como costuma ser para todo compositor e escritor, os mais vigorosos, criativamente, da sua carreira. Em 1965, ele lançou os discos "Bringing It All Back Home" e "High-way 61 Revisited", em 1966 o já citado "Blonde On Blonde", e, em 1975, "Blood On The Tracks". A Academia Sueca também destaca, da sua obra, os discos "Oh Mercy" (1989), "Time Out of Mind" (1997) e "Modern Times" (2006). Em 2004, já com nove prêmios Grammy (hoje são doze), lançou uma autobiografia, "Crônicas", publicada no Brasil pela Planeta. A Academia Sueca está pronta para dar o prêmio Nobel de Literatura para Chico Buarque de Holanda ou Caetano Veloso. A literatura acabou, letra de música virou poesia. O que Bob Dylan faz não é poesia, é música. O que ele sempre fez na vida é música, popular, folk, atentando à sua origem lá do grande Meio Oeste americano. Se ele tivesse escolhido escrever (poesia), teria ficado em casa, escrevendo, e não teria saído pelo mundo cantando. Poesia fizeram todos os grandes poetas beats, e nenhum deles foi agraciado com o Prêmio Nobel, embora tenham produzido poesia de altíssima qualidade, intensidade, influência, etc.... É evidente que o Nobel se tornou uma grande desimportância, e por isso premia um cantor-compositor, porque rendeu-se aos tempos modernos. Os suecos poderiam ter premiado um Allen Ginsber, um Jack Kerouac, um Burroughs, mesmo postumamente, qualquer um deles..... mas.... nada. Poesia é o "Kaddish", de Allen Ginsberg.
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