Um brasileiro foi preso na quinta-feira no aeroporto internacional de Borispol, na Ucrânia, sob suspeita de terrorismo. Trata-se do black block Rafael Marques Lusvarghi, de 31 anos, que se notabilizou ao ser detido e arrastado por policiais durante um protesto contra a Copa do Mundo, em São Paulo, em junho de 2014. Lusvarghi estava na Ucrânia lutando ao lado de separatistas russos desde o ano retrasado e fazia parte do 1º batalhão de um grupo intitulado DPR. Em nota, o Itamaraty disse que foi comunicado sobre a detenção de Lusvarghi e que a embaixada brasileira na Ucrânia já entrou em contato com as autoridades locais para conseguir visitá-lo e obter mais informações sobre as circunstâncias da prisão. O Serviço de Segurança da Ucrânia divulgou em suas redes sociais o vídeo do momento da prisão. Segundo as autoridades, ele seria o responsável por recrutar mercenários para os separatistas. Ele teria sido apreendido com uma medalha por serviços de combate e com um notebook que trazia conversas entre ele e líderes de grupos acusados de terrorismo. No Brasil, Lusvarghi foi preso sob acusação de associação criminosa (ainda não havia a lei anti-terrorismo) em 23 junho de 2014 junto com o estudante Fabio Hideki Harano. Ficou detido por 45 dias, mas foi solto após ser absolvido na Justiça. Na época, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo classificou a dupla como os “primeiros black blocs presos” em flagrante na capital. Lusvarghi era aficionado por história russa e cultura militar. Ele tinha uma coleção de álbuns com retratos dos líderes da Revolução Russa. Obcecado por vikings, tem tatuada no braço a palavra Berserk, nome de um mangá, posteriormente transformado em anime, inspirado nos guerreiros da mitologia nórdica. Ele nasceu em Jundiaí, em uma família de classe média. A mãe é professora formada em Biologia e o pai, de quem ela é separada, gerencia uma pequena empresa em Minas Gerais. É o mais velho de quatro irmãos. Um deles conta que, desde pequeno, Lusvarghi sonhava alistar-se na Legião Estrangeira da França. Aos 18 anos, comprou uma passagem para aquele país, onde morou por três anos – como integrante da tropa, segundo disse a familiares. Quando regressou ao Brasil, prestou concurso para soldado da Polícia Militar em São Paulo e ficou na corporação entre março de 2006 e julho de 2007. O motivo de sua saída é desconhecido, mas em agosto ele já prestava um novo concurso, desta vez para ser PM no Pará. Aprovado, permaneceu na corporação até 2009 e, mais uma vez, saiu antes de concluir o curso de oficial. Em 2010, ele já havia passado um tempo em Kursk, na Rússia. Segundo parentes, teria estudado administração na cidade e tentado alistar-se no exército russo. Como não conseguiu, voltou ao Brasil em janeiro de 2014. Em setembro do mesmo ano, teria ido para a Ucrânia para ingressar as fileiras dos separatistas.
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