quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Beltrame cai no Rio de Janeiro, acabou a farsa dos acordos com a bandidagem das favelas


O secretário de segurança pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, não suportou o colapso da pasta que comanda há uma década. No dia seguinte ao caos que se instalou na Zona Sul da cidade, com uma guerra nos morros Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, em Ipanema e Copacabana, o governo do Estado confirmou o pedido de exoneração do delegado federal. Beltrame deixa o cargo no momento em que os índices de criminalidade explodiram. É a falência total do fracassado, desde sempre, projeto das UPPs - Unidade de Polícia Pacificadora. Este programa se constitui simplesmente em um acordo implícito ou explícito com a bandidagem traficante das favelas, por meio do qual o governo passava a assumir o controle das áreas e, na prática, garantia a segurança do tráfico. Em todos esses anos de UPPs, nunca o governo deu prioridade para o combate aos traficantes, ao tráfico. O subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da secretaria, delegado federal Antônio Roberto Sá, foi escolhido para ser seu substituto e assumirá definitivamente a pasta na próxima segunda-feira. O colapso na segurança pública e, em especial, no projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), já vinha sendo percebido desde 2014, ou seja, bem antes da crise financeira pela qual passa o Rio de Janeiro. No final daquele ano, 101 policiais foram feridos e oito morreram nos territórios considerados "pacificados". Nas ruas, os assaltos estabeleceram um recorde histórico: 158 078. E em 2016 será ainda pior. O primeiro semestre registrou o maior número de assaltos na história para o período, 97.100, média de 534 por dia. Aliás, com os três policiais feridos no Pavãozinho na segunda-feeira, o número de policiais baleados em UPPs chegou a 131, com outros 11 mortos. Ou seja: um novo recorde negativo se aproxima. Beltrame, no entanto, insistiu em jogar a culpa em outras áreas do governo e da prefeitura, também comandada pelo PMDB. A crítica à falta de investimento social, por exemplo, era constante, o que irritava profundamente o prefeito Eduardo Paes, que tem na manga números expressivos de investimento no setor: mais de 2,1 bilhões de reais. Outro alvo constante de Beltrame para tentar justificar o espalhamento da violência – que atingiu áreas antes pacatas, como o interior do Estado – era a Polícia Federal. Para o secretário de segurança do Rio de Janeiro, a falta de fiscalização nas fronteiras fazia com que armas de guerra fossem despejadas diariamente na cidade. Certa vez, numa reunião dentro da sede da Polícia Federal, em Brasília, o diretor geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, disparou, irritado: “Ele diz que não controlamos 17.000 quilômetros de fronteira, mas não consegue fechar duas entradas da Rocinha”. Esses fatores também acabaram minando seu relacionamento com a própria instituição à qual pertence. Por isso, um retorno à Polícia Federal  ficou inviável. Esse cara é da República de Santa Maria, muito ligado à turma do peremptório petista e poeta de mão cheia e tenente artilheiro Tarso Genro, que também é da cidade. 

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