A Procuradoria Geral da República apresentou ao Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira (16) denúncia contra o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) dentro da Operação Lava Jato. Ele é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro junto com um cunhado, Paulo Roberto Rocha, e uma ex-funcionária, Maria Cleia de Oliveira. Segundo as investigações da Polícia Federal, o senador é suspeito de receber propina de R$ 500 mil por meio de doação oficial para sua campanha ao Senado em 2010. Após ser notificada da denúncia, a defesa de Raupp terá 15 dias para apresentar uma resposta prévia às acusações. Caberá à Segunda Turma do Supremo analisar os documentos e decidir pela abertura de ação penal – que torna Raupp e os demais acusados em réus – ou arquivar o caso, se entender não haver indícios suficientes para embasar o processo. A denúncia é fase posterior ao fim das investigações. Caso seja aceita pelo Supremo, começa a tramitar o processo, quando acusação e defesa serão confrontadas para que os ministros do Supremo decidam pela condenação ou absolvição. Raupp já havia sido indiciado, em junho deste ano, pela Polícia Federal. A Polícia Federal apontou que os indícios da investigação, como e-mails de dirigentes da construtora e recibos de doações reforçaram as suspeitas apontadas em acordos de delação premiada. Foram apontados ainda telefonemas trocados e reuniões entre o senador e delatores da Lava Jato, como o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e o doleiro Alberto Youssef. Dias após o indiciamento, no entanto, o ministro Teori Zavascki, do STF, suspendeu o ato realizado pela Polícia Federal. Em delação premiada na Operação Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, disse que o senador Valdir Raupp era um dos beneficiados com dinheiro desviado da estatal por meio de transferências realizadas pelo operador Fernando Soares, o Fernando Baiano. O doleiro Alberto Yousseff disse que acertou com uma assessora de Raupp a doação que seria feita pela Queiroz Galvão. Fernando Baiano confirmou as declarações. A partir das delações, foi aberto inquérito para apurar doação de R$ 500 mil pela Construtora Queiroz Galvão e pela Vital Engenharia. A doação oficial, afirma a Polícia Federal, seria "vantagem indevida fruto de contratações ilicitamente negociadas na Petrobras". A investigação apontou que Raupp intermediava o interesse de empresas privadas na Petrobras e que sua assessora Maria Cleia o ajudava. O cunhado Paulo Rocha, irmão da mulher de Raupp, Marinha Cléia Raupp, foi responsável pela assinatura de recibos eleitorais. Segundo a delegada, há indícios da "adoção de medida de ocultação da origem dos recursos espúrios, através de doação eleitoral oficial", e frisou que é possível "concluir pela ocorrência da solicitação e remessa de dinheiro" por parte do senador.
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