segunda-feira, 26 de setembro de 2016

PT tinha conta-corrente com a Odebrecht, diz a Polícia Federal


O Partido dos Trabalhadores mantinha uma “verdadeira conta-corrente” com a Odebrecht, por meio da qual eram pagas propinas a integrantes da legenda, informou nesta segunda-feira a Polícia Federal durante coletiva de imprensa concedida após a prisão do ex-ministro da Fazenda de Lula e da Casa Civil de Dilma, Antônio Palocci. Segundo a Polícia Federal, Palocci – identificado como “Italiano” nas planilhas da empreiteira – recebeu um total de 128 milhões de reais em propinas. Parte do dinheiro ficou com o partido. As investigações mostram a atuação intensa e reiterada de Palocci com a Odebrecht, envolvendo contratos e medidas legislativas tomadas para privilegiar a empreiteira em obras públicas. Segundo os procuradores, essa atuação se firmava com pagamentos de propinas que eram destinadas aos PT. O ex-ministro Palocci recebeu os valores através dessa conta desde 2006 até novembro de 2013. A ex-funcionária Maria Lucia Tavares, segundo os investigadores, foi a “única a quebrar o silêncio que impera dentro da empresa” e revelou documentos que elucidaram fases passadas da investigação. O delegado da Polícia Federal, Filipe Hille Pace, afirmou que Marcelo Odebrecht e Antonio Palocci tiveram mais de 30 encontros no período em que ele era ministro e até mesmo depois de deixar o cargo. Os encontros se davam na casa de Palocci ou no escritório do ex-ministro. Segundo a Polícia Federal, Palocci desempenhava um papel mais importante que o ex-ministro José Dirceu. No despacho em que decretou a prisão temporária de Palocci, datado de 12 de setembro, Sergio Moro relata em detalhes o propinoduto envolvendo a Odebrecht e o petista e diz ser “possível” que parte da propina destinada pelo grupo de Marcelo Odebrecht ao PT tenha sido paga em contas secretas no Exterior. O risco de os recursos produtos do crime não poderem ser mais recuperados e a possibilidade de fuga dos investigados foi levado em conta pelo magistrado ao decretar a detenção de Palocci e dos dois assessores. Na 35ª fase da Operação Lava Jato, foram alvo de condução coercitiva Rita de Cássia dos Santos, secretária de Palocci, e Demerval de Souza Gusmão Filho, proprietário da construtora que figurou como compradora do imóvel destinado ao Instituto Lula. Houve ordem de busca e apreensão de documentos nos endereços de Palocci, da Projeto Consultoria Empresarial e Financeira Ltda., empresa de consultoria do petista; de Branislav Kontic; de Juscelino Dourado; da J & F Assessoria Ltda.; de Rita de Cássia dos Santos; de Demerval de Souza Gusmão Filho; e da DAG. Construtora Ltda. Segundo a Polícia Fedderal, Branislav Kontic, que foi assessor especial de Antonio Palocci na Casa Civil, intermediou o esquema de recebimento de valores entre a Odebrecht e o PT. Kontic foi alvo mandado de prisão temporária, o mesmo determinado para Palocci. Os investigadores ressaltaram que o ex-assessor era o “braço direito” de Palocci e “marcava reuniões e encontros” entre Marcelo Odebrecht e o ex-ministro, além de repassar informações e mensagens. A Polícia Federal também destacou a participação de Juscelino Antonio Dourado, que foi chefe de gabinete de Palocci no Ministério da Fazenda na gestão Lula, também recebeu valores de propina e intermediava débitos da conta da Odebrecht para Antonio Palocci e PT. Dourado também foi preso na manhã desta segunda-feira. As investigações também apontaram para o participação de Palocci na compra de um terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula, que seria um prédio de três andares. As tratativas da compra teriam sido feitas entre a Odebrecht e Kontic para que fossem repassadas a Palocci. Uma minuta de contrato juntamente com um projeto arquitetônico foram encontrados no sítio Atibaia, que é atribuído ao ex-presidente Lula.

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