terça-feira, 6 de setembro de 2016

Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, é preso pela Policia Federal em São Paulo


O ex-presidente da OAS, o empreiteiro propineiro Léo Pinheiro, foi preso pela Polícia Federal nesta segunda-feira, em São Paulo, depois de ser levado coercitivamente a depor na Operação Greenfield, que apura crimes contra fundos de pensão de estatais. Os dois mandados não estão relacionados. A prisão preventiva foi decretada pelo juiz Sérgio Moro, sob o argumento de que é difícil controlar iniciativas do empresário para obstrução das investigações com ele em liberdade. "O afastamento efetivo do acusado da empresa, embora afirmado, é algo dífícil de controlar na prática e essas iniciativas de obstrução das investigações desenvolvem-se no mundo das sombras, não sendo viável acompanhar as condutas do acusado salvo com o recolhimento cautelar à prisão", afirmou Moro em despacho. Léo Pinheiro havia sido preso na 7ª Fase da Lava-Jato, em novembro de 2014, e colocado em prisão domiciliar pelo Supremo Tribunal Federal em abril de 2015. No novo pedido de prisão, o Ministério Público Federal afirma que ele deve ser mantido preso para “garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e segurança da aplicação da lei penal”.  Segundo o Ministério Público Federal, "os crimes praticados pela OAS, sob a coordenação de Léo Pinheiro, não se circunscreveram no período compreendido entre o ano de 2006 e o início de 2014, estendendo-se, pelo menos, até janeiro de 2016. De acordo com os procuradores, foram verificados os crimes de corrupção, cartel e lavagem de dinheiro sob a coordenação do executivo. O juiz Sérgio Moro ressaltou em despacho que Léo Pinheiro agiu com protagonismo em 2014, ao tentar barrar a investigação da CPMI da Petrobras já com a Lava-Jato em curso. Em novembro de 2014, 10 dias antes de ser preso pela Polícia Federal, Léo Pinheiro se reuniu com o então senador Gim Argello por duas vezes em São Paulo -uma delas na sede da OAB-SP, outra no escritório da OAS - para tentar barrar as investigações. As provas foram colhidas em mensagens existentes nos celulares do empresário, que foram apreendidos. "O protagonismo de José Adelmário Pinheiro Filho, em coordenar a ação de obstrução dos demais empresários, encontra, em cognição sumária, apoio em mensagens que foram apreendidas em seu aparelho de telefone celular ", disse Moro. Léo Pinheiro atuou, com Júlio Camargo, um dos delatores da Lava-Jato, para impedir as investigações e corromper parlamentares. Numa das mensagens, o empresário pede a atuação de Otávio Azevedo, então presidente da holding da Andrade Gutierrez e agora também delator da Lava-Jato: "Otávio, O nosso Alcoólico está indóssil. Seria oportuno um ligação sua para ele. Fico preocupado com as reações intempestivas. Abs. Léo". Alcoólico era, no linguajar dos empreiteiros, o apelido de Gim Argello. Segundo o Ministério Público Federal, R$ 5 milhões teriam sido pagos pela OAS ao ex-senador, dos quais R$ 350 mil depositados na conta de uma paróquia. Outras empreiteiras também pagaram. Investigações revelam ainda que, além de ter pago o doleiro Alberto Youssef, o executivo usou operadores financeiros, como Roberto Trombeta, praticando lavagem de dinheiro no valor de R$ 28 milhões para a OAS por meio de três empresas. Os pagamentos incluem projetos de linhas do Metrô de São Paulo, a construção da Arena Fonte Nova (Salvador), além da expansão do principal polo de tecnologia da Petrobras, o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) e do Consórcio Saneamento Alto Tietê. No Exterior, há registros de pagamento de propina por meios de operações da OAS no Peru (6 milhões de dólares), no Equador (9 milhões de dólares) e na Guiné Equatorial ( 1,5 milhão de dólares).

Nenhum comentário: