A eclosão da Operação Lava-Jato no Brasil e das investigações por parte do Ministério Público suíço levaram os bancos da Suíça a aumentar o controle sobre contas de brasileiros no país. Em alguns casos, chegam até a se recusar transferências de político ou funcionário público brasileiro. "O escrutínio passou a ser muito maior hoje, com certeza", afirma o presidente da Associação de Bancos da Suíça, Patrick Odier, um dos banqueiros mais influentes do país. No total, mais de mil contas em 42 bancos e com US$ 800 milhões foram bloqueadas na Suíça, em um dos maiores casos de corrupção já investigados no país. Entre os correntistas estavam o deputado federal cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o ex-marqueteiro do PT, o baiano João Santana. "O fato de termos encontrado tantas instituições suíças nesse caso é algo que lamentamos muitos", disse Odier. O próprio banco de Patrick Odier, o Lombard Odier, foi um dos que abriu contas para ex-dirigentes da Petrobras. O ex-diretor da área Internacional da estatal, Jorge Zelada, e o ex-gerente de Engenharia, Pedro Barusco, também eram correntistas na instituição. Segundo as investigações, menos de quatro meses após a deflagração da Operação Lava-Jato, em 25 de julho de 2014, Zelada solicitou a transferência de valores da Suíça para Mônaco. "Jorge Luiz Zelada, após a deflagração das primeiras fases ostensivas da Operação Lava-Jato, a fim de ocultar os recursos ilícitos que mantinha na Suíça com a ajuda de Denise Kos (gerente do banco) solicitou, em julho de 2014, a transferência dos valores mantidos no banco Lombard Odier Darier Hentsch and Cie para o banco Julius Baer, em Mônaco", aponta o documento subscrito pelo delegado Filipe Hille Pace. Entre os banqueiros, a proliferação de descobertas relacionadas ao bancos suíços voltou a reforçar a imagem pelo mundo de que o país seria um paraíso para dinheiro sujo. Segundo fontes em Zurique, os bancos passaram a acompanhar com atenção o noticiário brasileiro para identificar imediatamente qualquer implicação de um de seus correntistas em investigações. Claude-Alain Mangelisch, CEO da Associação de Bancos, também confirma a nova orientação às instituições depois do esquema de corrupção investigado pela Lava-Jato levantar dúvidas sobre os bancos suíços. Odier, que é creditado como a pessoa que liderou os bancos suíços ao fim do segredo bancário no país, insiste que a Suíça "mudou profundamente". "Abandonamos a confidencialidade das contas", disse, lembrando que o setor na Suíça passou por uma "revolução". O fim do segredo bancário, porém, não ocorreu por acaso e sim por pressão de governos estrangeiros, em especial dos Estados Unidos. Washington ameaçou fechar as portas da maior economia do mundo aos bancos suíços se as regras não mudassem.
Um comentário:
Será que ele não está se ´restando a fazer o mesmo papel que Joaquim Barbosa fez no MENSALÃO//
Postar um comentário