O banco central argentino anunciou nesta segunda-feira (26) que passará a adotar o regime de metas de inflação a partir de 2017, quando terá como objetivo um aumento nos preços de 12% a 17%. Com o sistema, utilizado no Brasil desde 1999, o governo de Mauricio Macri pretende reduzir a inflação — que chegou a 31% nos oito primeiros meses deste ano — a 5% em 2019. "Pela primeira vez, o banco central se comprometerá com um número para a inflação. Nos últimos anos, ele respondia às necessidades do Executivo por financiamento. Isso foi crescendo e se tornou a gênese do processo inflacionário", disse o presidente do banco, Federico Sturzenegger. No ano passado, a autoridade monetária repassou, em recursos, ao Tesouro Nacional o equivalente a 4,5% do PIB — três pontos percentuais a mais que em 2004. Em 2016, a estimativa é que o repasse fique em 2,1%. Através do regime de metas de inflação, o banco central tenta controlar o avanço dos preços alterando uma taxa de juros básica — juros mais altos costumam desaquecer a economia e, consequentemente, os preços. O presidente do Banco Central em 2002, Aldo Pignanelli, diz não acreditar nem que a inflação ficará abaixo dos 17% em 2017 (prevê 25%) nem que o sistema funcionará no país: "Cumprir uma meta é difícil com deficit público, balança comercial deficitária e dólar desvalorizado. Esse regime exige muita disciplina fiscal e monetária". O economista Ricardo Castiglioni, da consultoria C&T, porém, afirma ver um grande comprometimento do Banco Central com a meta. Em relação ao objetivo de 2017, destaca que a inflação deverá ficar mais próxima do teto: "Se o banco conseguir ficar na meta, será excelente, pois ganhará credibilidade". Devido à instabilidade econômica argentina, no próximo ano, o comitê de política monetária se reunirá uma vez por semana, todas as terças-feiras, para estabelecer a taxa de juros. A intenção é que esses encontros se reduzam nos anos seguintes, até chegar a um número entre 8 e 12 por ano. No Brasil, cuja meta de inflação é de 4,5% (com limites de 2,5% a 4,5%), são oito. Sturzenegger havia indicado, em abril, que tinha a intenção de implementar o regime, mas o país estava sem um índice de inflação oficial para poder estabelecer uma meta — no governo muito corrupto da peronista populista incompetente Cristina Kirchner (2007-2015), as estatísticas deixaram de ser confiáveis por órgãos como o FMI. A Argentina tem um novo indicador desde maio, mês em que o banco central sinalizou que pretendia atingir uma inflação mensal inferior a 1,5% no último trimestre do ano. À época, a taxa era de 4,2%. O avanço acelerado dos preços é um dos maiores problemas do governo Macri hoje e a causa de dezenas de manifestações nas ruas do país. A inflação já era alta no período Kirchner, mas se acentuou com a desvalorização de 40% do peso promovida por Macri em dezembro do ano passado e pelo reajuste nas tarifas de serviços básicos, como luz, em cerca de 500%. A adoção do sistema de metas é mais uma atitude do governo em direção ao que Macri chama de "normalização" da economia. As outras medidas adotas foram o fim do controle cambial, a negociação da dívida com os fundos abutres e a redução dos subsídios a luz, gás e transporte.
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