Dezenas de armas nucleares americanas instaladas na base aérea de Incirlik na Turquia, próximo à fronteira com a Síria, correm o risco de cair nas mãos de "terroristas, ou de outras forças hostis" - de acordo com um relatório divulgado nesta segunda-feira (15). A segurança desse arsenal situado a 110 km da Síria já havia sido criticada há algum tempo, mas o golpe frustrado de 15 de julho na Turquia relançou os temores sobre a proteção das 50 armas nucleares. "É impossível saber se os Estados Unidos podem manter o controle das armas, em caso de guerra civil prolongada na Turquia", diz em seu informe o think tank Stimson Center. A base aérea de Incirlik representa uma encruzilhada estratégica para a coalizão contra o grupo terrorista Estado Islâmico dirigida por Washington, já que oferece um acesso rápido a determinados alvos no Iraque e na Síria. Em março, o Pentágono ordenou, por razões de segurança, a retirada das famílias de militares, assim como do pessoal civil estacionado no sul da Turquia. Além disso, o comandante turco da base foi detido junto com outros generais, juízes e fiscais, acusados pela ditadura de Ancara de ter apoiado a tentativa de golpe de 15 de julho. "Do ponto de vista da segurança, reunir aproximadamente 50 armas nucleares na base aérea de Incirlik equivale a jogar roleta russa", afirma Laicie Heeley, coautora do informe. "Há importantes barreiras, mas são apenas dispositivos de proteção, isso não elimina o risco. No caso de um golpe de Estado, não se pode dizer com certeza se seremos capazes de manter o controle", disse Heeley. As armas nucleares eram mantidas na base turca como forma de dissuadir a Rússia, assim como para demonstrar o compromisso americano com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar da qual a Turquia é um de seus membros históricos. O debate sobre as armas é muito intenso nos Estados Unidos desde a tentativa de golpe. "Apesar de até agora termos evitado a catástrofe, temos muitas provas de que a segurança das armas americanas na Turquia pode mudar de um dia para o outro", comentou Steve Andreasen, ex-diretor de Defesa e Controle de Armas do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. Kori Schake, da Hoover Institution, disse que essas armas "não podem ser usadas sem códigos e é impossível ativá-las sem autorização". "O fato de as armas nucleares estarem estacionadas na Turquia não as torna mais vulneráveis, ainda que o país (Turquia) se torne hostil aos Estados Unidos", afirmou.
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