O presidente da Petrobras, Pedro Parente, enviou carta aos empregados no último dia 29 na qual indica que a companhia não terá condições de atender às reivindicações salariais da categoria, com data-base em setembro, para o Acordo Coletivo (ACT) 16, que reivindica reajuste de 19%, incluindo aumento de 10% acima da inflação. Apesar dessa sinalização de que a empresa não terá condições de conceder reajuste acima da inflação, ele lembra que, nos últimos 12 anos antes de 2015, “concedeu expressivos aumentos reais de salários e benefícios, o que fez com que o ganho acumulado em nossos vencimentos nesse período superasse a inflação em 50,8%. Se for somado o efeito da inflação, os reajustes acumulados entre 2003 e 2015 são de 245%. Não é pouco por nenhum critério que se escolha". Na carta, Parente, afirma também que, nesta semana, a diretoria de RH da companhia vai iniciar uma consulta junto aos empregados que quiserem participar do programa de redução de jornada de trabalho e, consequentemente, dos salários, uma das questões previstas no programa de reestruturação interna em andamento na petroleira. O executivo explica que a proposta será avaliada pela empresa, mas destacou que um estudo da Fundação Instituto Pesquisas Econômicas (Fipe) mostrou que, para o mês de julho, 37,6% das negociações tiveram reajuste abaixo do INPC, enquanto na indústria de extração e refino de petróleo, a média das correções nos últimos 12 meses foi de 3,9% abaixo da inflação. O presidente da petroleira tenta sensibilizar os empregados para a situação delicada da estatal com seu elevado endividamento e cita que, de 2008 a 2015, a dívida da companhia subiu de US$ 27 bilhões para US$ 126 bilhões — aumento superior a 400%. E, nesse período, a geração de caixa se manteve praticamente estável. Na carta, o executivo lembra que, como consequência, a Petrobras perdeu o grau de investimento, e os juros que paga saltaram de 3,95% ao ano para 6% ao ano nos papéis de cinco anos. “Em 2016, entre juros e pagamento dos empréstimos, projetamos pagamentos de US$ 25,2 bilhões”, destaca. O presidente da Petrobras diz esperar que os petroleiros não façam greve que traz prejuízos grandes à companhia: gastos adicionais apenas com pessoal de mais de R$ 9 milhões por dia com a contingência necessária para manter a produção, além de custos jurídicos . "Gostaríamos de ressaltar que é uma decisão que tem impactos econômicos relevantes para a empresa e que a diretoria executiva entende que esses fatores não podem ser ignorados". E destaca na carta: “Entendemos que esse não é o caminho mais construtivo para buscarmos as soluções que vão acelerar o processo de recuperação da Petrobras. Esperamos que não seja essa a decisão dos nossos empregados. Mas a greve é um direito consagrado na nossa Constituição e tem que ser respeitado". Na carta parente informa aos empregados que o novo gerente de RH da companhia e que iniciará as negociações com os sindicatos é José Luiz Marcusso, que era gerente geral da Unidade de Exploração e Produção do Espírito Santo.
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