Há muitos dados interessantes no último relatório do Instituto Pew sobre a onda de refugiados que chegou à Europa. Mas uma informação em particular é perturbadora: só 27% dessa população de refugiados são mulheres. Em todas as faixas etárias, de quase todos os países de origem, as mulheres são minoria. E a diferença é ainda mais pronunciada no caso de imigrantes vindos da África, do Oriente Médio e do subcontinente indiano. Gâmbia, Bangladesh e Paquistão, por exemplo, não mandaram quase nenhuma mulher. 1,3 milhão de imigrantes pediram asilo a países da União Européia em 2015, segundo o Instituto Pew. Quase três quartos (73%) dos requerentes eram homens. Refugiados de países como Gâmbia (97%), Paquistão (95%) e Bangladesh (95%) foram quase inteiramente do sexo masculino. Há dois cenários que podem se desenvolver a partir desse fato. O primeiro é que os países de destino simplesmente acabam tendo um desequilíbrio entre o número de homens e mulheres em suas populações. Isso seria um problema: mesmo pequenas alterações demográficas entre os sexos podem ter impactos sociais consideráveis. Os refugiados – já predispostos a passar por experiências de isolamento, distância e desafeto em relação à sociedade que os recebe – também terão de lidar com o desespero de homens que terão pouquíssimas esperanças de encontrar uma mulher para formar relações duradouras e começar uma família. É a receita para um desastre. Então, por que não permitir que mais mulheres emigrem dos países de origem desses homens? Porque agravaria ainda mais a situação. Só no último ano, vários dos destinos mais populares para imigração tiveram um aumento em sua população de estrangeiros de mais de um ponto percentual (nos EUA, que é o destino mais popular dos imigrantes, teve aumento semelhante, mas ao longo de 10 anos). Permitir que viessem mais mulheres, de modo a consertar esse desequilíbrio entre os sexos, implicaria algo como um aumento de mais de 0,5%, ao longo de um período curto de tempo. A onda de refugiados do ano passado teve um impacto sobre os sistemas políticos e sociais de vários países. Aumentá-la pela metade ou até mesmo um terço, a curto prazo, poderia levar esses sistemas a um colapso social.
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