Buscas feitas pela Polícia Federal nas residências de executivos da Odebrecht mostram que eles tinham grande intimidade com políticos, incluindo alguns que aparecem na lista de beneficiados por doações do conglomerado nas eleições de 2012 e 2014. Na residência do presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa Silva Junior, havia uma lista com mais de 300 nomes de políticos, com valores ao lado de cada nome. Agora, a PF encontrou fotos de alguns desses políticos abraçados a Benedicto, em eventos sociais. As fotos não comprovam o pagamento de propina, mas reforçam que havia, sim, uma proximidade do executivo com os candidatos. Na residência do executivo, no bairro nobre do Leblon, no Rio de Janeiro, foram encontradas fotos dele ao lado do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e dos deputados Júlio Lopes (PP-RJ), Jorge Bittar (PT-RJ) e Andres Sanchez (PT-SP). Há também uma fotografia do diretor abraçado a Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. Pezão, Lopes e Bittar aparecem na lista de pagamentos da Odebrecht, encontrada na casa de Benedicto. Além de Benedicto, a Polícia Federal colheu evidências da aproximação de outro funcionário da cúpula da construtora com o poder. Trata-se de Fernando Migliaccio, um dos responsáveis pela administração do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, que funcionava como um departamento de distribuição de propina. Migliaccio tem foto ao lado do avião da Presidência da República, exclusivo para viagens presidenciais. A imagem teria sido captada no dia 10 de junho de 2007, no início do segundo mandato do presidente Lula. No CD onde foi encontrada a foto aparecem as descrições “Bella Mack e Helicóptero Lula”. A Polícia Federal não detalhou o significado da expressão “Bella Mack” e tampouco se Migliaccio teria viajado no avião do petista. Uma das frentes de investigação contra Lula levam em conta evidências de que o ex-presidente teria feito tráfico de influência em favor de grandes empreiteiras, incluindo a Odebrecht. No caso do conglomerado do herdeiro Marcelo Odebrecht, as suspeitas são de que o petista fez lobby em troca de pagamentos camuflados como palestras e doações. Todo o material faz parte das buscas da 23ª fase da Lava-Jato, a Operação Acarajé, que tem como alvos principais o casal de marqueteiros Mônica e João Santana, que estão fazendo delação premiada.
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