segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Brasileiros cortam os gastos com celular pré-pago

 

A crise econômica fez os brasileiros cortarem os gastos com celular. Cerca de 70% dos usuários de telefonia móvel no país reduziram o valor de suas recargas ou devolveram o chip pré-pago. Como resultado, quase 35 milhões de linhas pré-pagas foram canceladas entre janeiro do ano passado e junho deste ano. E ainda deve haver mais baixas, tanto pela recessão como pelo aumento no uso de aplicativos que permitem ligações, como o WhatsApp. Até dezembro, a expectativa da consultoria Teleco é que outros 20 milhões de números deixem de funcionar em um segmento no qual é possível falar e navegar na internet a partir de R$ 0,30 por dia. No total, uma redução quase igual à base de clientes da Colômbia, de 57,4 milhões. Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o número de celulares pré-pagos caiu de 213,4 milhões, em janeiro de 2015, para 178,758 milhões em junho deste ano, com base em número preliminares. Esse volume responde por cerca de 70% de todos os usuários de telefonia móvel no país. Além do encolhimento do setor, analistas e operadoras citam o recuo de até 11,5% no valor das recargas este ano, em comparação a 2015. Hoje, em média, o valor mensal de uma recarga oscila entre R$ 15 e R$ 20, dependendo da companhia. Mas, para tentar minimizar a queda do principal gerador de receita do setor, as empresas vêm investindo cada vez mais em promoções diárias e semanais e pacotes maiores de internet e voz. Os pacotes mais vendidos atualmente são os semanais, a partir de R$ 7, segundo executivos de duas operadoras: Rodrigo Vidigal, diretor de Marketing da América Móvil, dona da Claro, e Bernardo Winik, diretor de Varejo da Oi. Segundo Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, até alguns anos, os usuários tinham entre três e quatro chips para falar com amigos em diferentes operadoras. No entanto, com a redução das taxas de interconexão (espécie de pedágio cobrado pela empresa quando uma ligação é efetuada para outra companhia) e as promoções das operadoras, a quantidade de chips por usuário começou a cair. E agora, diz Tude, a queda na renda é o principal responsável pela retração do mercado. Ele prevê que a teledensidade (número de linhas para cada centena de habitantes) caia dos atuais 116 para cem até dezembro. "As pessoas tinham mais de um chip e abandonaram isso. Agora, a crise econômica acelera o corte na telefonia. Todo mundo busca reduzir as despesas, cortando as linhas e fazendo recargas de menor valor. Os usuários estão ligando menos e falando por mensagem, que é mais barato — afirma Tude: "O recuo no pré-pago afeta o caixa das teles, já que é dinheiro que entra antes de os serviços serem executados. O pré-pago é hoje a forma mais rápida de gerar receita". Segundo Vidigal, da América Móvil, o usuário pré-pago é o mais sensível à oscilação da economia. Por isso, explica, a companhia vem investindo em pacotes que permitem maior uso de dados. Ele cita o caso das promoções semanais de R$ 10, cujo pacote de dados passou de 400MB para 500MB. A oferta de R$ 7 semanais permite 150MB de franquia de dados. "Há clientes que só querem internet no pré-pago. Por isso, estamos investindo em ofertas, com a criação de um aplicativo chamado Claro Música, no qual o cliente pode ouvir músicas sem que esse consumo seja descontado da franquia. E criamos uma versão gratuita do Claro Vídeo. Ele consegue ver filmes de graça, mas há desconto da franquia", diz Vidigal; "Hoje, o recuo no valor da recarga é proporcional à redução da quantidade de clientes". 

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