Os autores do processo de impeachment entregaram na quarta-feira suas alegações finais sobre o impedimento da presidente afastada Dilma Rousseff e decidiram indicar apenas três testemunhas para acelerar o desfecho do processo. De acordo com a lei, acusação e defesa teriam até 48 horas para apresentar o chamado libelo, peça final com alegações, e poderiam arrolar até seis testemunhas para o julgamento. A acusação, no entanto, não esperou nem doze horas após o fim da sessão do Senado que transformou Dilma em ré. “Para que procrastinar a solução de uma controvérsia que a todos incomoda e causa um desconforto político e doloroso?”, questionou o advogado João Berchmans. Berchmans disse que a acusação ainda vai analisar se abrirá mão das três testemunhas indicadas e defendeu a ideia de que o julgamento pode começar já no dia 23. Ele lembrou, no entanto, que essa é uma decisão que cabe ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, responsável por conduzir essa etapa do processo. O advogado também desqualificou a iniciativa de parlamentares que apoiam Dilma de recorrer à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. “Tudo é lícito pedir ao rei, mas se o rei vai deferir ou não, essa é outra questão. Esse processo se encontra blindado. Ele já foi questionado diversas vezes pela defesa da presidente afastada, inclusive no Supremo Tribunal Federal”, disse. Para Berchmans, essa atitude demonstra “que a presidente se encontra como aquele peixe que se debate, porque ele está fora do aquário, fora do oceano, não tem mais como respirar e se encontra nos últimos momentos dos seus atos”. Ele classificou o processo de impeachment como uma “ópera trágica” e disse que Dilma e sua equipe de defesa “são personagens burlescos”. O documento, de nove páginas, é assinado pelos juristas Miguel Reale Jr. e Hélio Bicudo e pela advogada Janaína Paschoal. As testemunhas indicadas foram o representante do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, Júlio Marcelo Oliveira, e os auditores federais do TCU, Antônio Carlos Costa e Leonardo Rodrigues. O advogado de defesa de Dilma, José Eduardo Cardozo, tem até esta sexta-feira para entregar a sua peça com as alegações finais.
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