O autor do atentado em Nice, o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel, contou com a ajuda de cúmplices, anunciou nesta quinta-feira o procurador encarregado da investigação, François Molins. Durante uma entrevista coletiva em Paris, ele afirmou ainda que foram feitos avanços notáveis na investigação que envolve ao menos 400 agentes, e que eles descobriram que Bouhlel teria planejado o ataque provavelmente meses antes de realizá-lo. Bouhlel matou 84 pessoas e feriu mais de 300 em 14 de julho, quando avançou com um caminhão contra uma multidão que celebrava o Dia da Queda da Bastilha, em Nice. "A investigação em curso desde a noite de 14 de julho progrediu e não só confirmou a natureza premeditada assassina do ato de Mohamed Lahouaiej Bouhlel, mas também mostrou que ele se beneficiou de apoio e de cúmplices", disse Molins. Um dos suspeitos teria enviado ao tunisiano uma mensagem no Facebook dizendo: "Carregue o caminhão com toneladas de ferro e corte os freios". Análise do telefone celular e do computador — incluindo uma foto dos fogos de artifício do evento do Dia da Bastilha do ano passado — mostrou que o terrorista vinha planejando o ataque desde pelo menos 2015. Uma semana após o atentado, reivindicado pela organização terrorista Estado Islâmico (EI), continua a polêmica sobre a segurança na França, cujo presidente François Hollande prometeu que haverá verdade e transparência nas investigações. "Quando há um drama, uma tragédia, por um ataque com muitos mortos, vítimas e feridos, há dor e uma pena compartilhada e necessariamente surgem perguntas", disse Hollande em uma entrevista coletiva em Dublin, onde se reúne com a primeira-ministra irlandesa, Enda Kenny. O governo da França informou que vai instaurar um inquérito da inspetoria da Polícia Nacional para analisar em detalhes como a área foi isolada para as festividades tradicionais do Dia da Bastilha e como foi patrulhada. Nesta quinta-feira, o jornal progressista "Libération" reacendeu a polêmica sobre possíveis falhas de segurança no dia do atentado. O diário afirma que a entrada da zona de pedestres do Passeio dos Ingleses de Nice, para onde 30 mil pessoas se dirigiram para acompanhar os fogos de artifício, estava protegida apenas por um carro da polícia municipal. Logo depois, o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, se retratou da sua afirmação anterior, no dia após o acidente, quando disse que “a polícia nacional estava presente, muito presente”. Anteriormente, Cazeneuve chegou a acusar o jornal de "falsidade", apoiando, assim, o primeiro-ministro Manuel Valls, que desde 15 de julho negou que existissem falhas na segurança do evento. Cinco suspeitos do atentado compareceram ao tribunal nesta quinta-feira. Quatro homens de entre 22 e 40 anos e uma mulher de 42 anos foram detidos por seus contatos com Bouhlel antes do atentado ou por serem suspeitos de ter fornecido a arma com a qual o tunisiano atirou contra os policiais a partir de seu caminhão. Embora a polícia não tenha estabelecido nenhum vínculo entre Bouhlel e redes terroristas, o Estado Islâmico reivindicou o atentado.
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