Em busca de um sócio para a BR Distribuidora há um ano, a Petrobras começa a rever planos. A alta direção da estatal já cogita vender o controle ou fatiá-la em áreas de negócio para, posteriormente, negociar a alienação dessas participações. Considerada uma das “joias da coroa”, a BR, líder do mercado de combustíveis, é um dos principais destaques na lista de ativos da Petrobras à venda. O objetivo da petroleira é levantar US$ 15,1 bilhões neste ano para assegurar os recursos necessários para a execução de seu plano de investimentos. O presidente da Petrobras, Pedro Parente, confirmou ontem que avalia três propostas de compra de participação na BR, assim como outras alternativas que poderiam resultar em maior valor para a distribuidora. "Estamos avaliando se essas três propostas representam o melhor valor possível para a empresa, não chegamos a uma conclusão ainda. Foram três propostas, não foi uma só. Houve, portanto, interesse, mas, eventualmente, há outras alternativas que produziriam maior interesse. E é isso que a gente quer ter certeza", afirmou Parente. Inicialmente, a Petrobras planejava abrir o capital da subsidiária e vender 25% das ações. Depois, cogitou alienar 49% dos papéis, mesmo assim, o projeto não foi adiante, com o agravamento das crises econômica e política. A empresa é considerada no mercado um excelente ativo, com 34,9% do setor de distribuição de combustíveis, cerca de 8.200 postos de serviços com sua bandeira e mais de 1.200 lojas de conveniência. Diante deste quadro, a Petrobras passou a estudar opções mais ousadas, como a venda do controle. O objetivo é concretizar algum dos modelos de venda em estudo da BR até o fim do ano. Segundo fontes a par das negociações, mesmo com um acordo rígido de acionistas, a gestão da companhia passaria para o setor privado, o que a livraria das amarras de uma estatal. Uma das inspirações para a Petrobras é o caso da BB Seguridade, criada em 2012 e que unificou as atividades de seguros, previdência e capitalização do Banco do Brasil, e é considerada uma solução de sucesso. Em 2013, houve a abertura de capital da companhia, na maior oferta inicial de ações no País até aquele momento. A BB Seguridade tem 66,25% de capital do Banco do Brasil e 33,75% em ações no mercado privado. No caso de uma venda fatiada da BR, a empresa poderia ser dividida em segmentos. A empresa é líder em diversas áreas, desde a distribuição de combustíveis, fabricação e venda de lubrificantes, venda de querosene de aviação, de produtos químicos para atividades em plataformas, entre outros. A empresa tem mais de dez mil grandes clientes entre indústrias, termoelétricas, companhias aéreas, frotas de veículos leves e pesados, entre outros. Até o momento, apenas investidores fora da área de distribuição de combustíveis se interessaram pelos ativos da BR. Entre os nomes citados no mercado estão o da gestora canadense Brookfield, o do fundo GP Investiments e o da Advent International. Para um executivo do setor, porém, é natural a ausência de concorrentes diretos. Com 34,9% do mercado, um eventual interesse de competidoras como Ipiranga e Raízen resultaria em restrições pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Para uma petroleira disposta a ingressar no mercado brasileiro, o negócio poderia não ser interessante pois ela, provavelmente, gostaria de adotar sua própria bandeira.
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