terça-feira, 12 de julho de 2016

Ex-espião acusa governo de Cristina Kirchner de assassinato do promotor Nisman


Ele era um dos homens mais procurados da Argentina e foi encontrado por uma jornalista do “La Nación” em um café do bairro de Belgrano, em Buenos Aires, onde aceitou conceder uma entrevista que sacudiu a política local ontem. O ex-agente de Inteligência, Jaime Stiuso, assegurou que o governo da então presidente peronista populista Cristina Kirchner “mandou matar” o promotor Alberto Nisman — que a denunciou por um pacto com o Irã para acobertar funcionários iranianos suspeitos de participação no atentado à Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em 1994. Segundo ele, todos os governos kirchneristas “tiveram um serviço de Inteligência paralelo”. Stiuso, que fugiu do país pouco depois da morte de Nisman, em janeiro de 2015, assegurou que o ex-chefe de gabinete Aníbal Fernández e Cristina queriam que ele retornasse à Argentina “para me assassinar”. “Estive nos EUA asilado, por todas as ameaças que recebi, tanto eu como minha família. Ameaças de morte por parte do anterior governo”, disse o ex-diretor de Contrainteligência da extinta Secretaria de Inteligência do Estado (Side) ao “La Nación”. Stiuso confirmou ter retornado ao país em fevereiro e disse estar disposto a colaborar com a Justiça. Para ele, “em algum momento” a morte de Nisman será esclarecida. O ex-agente estava em permanente contato com o promotor e foi uma das últimas pessoas que Nisman tentou contactar antes de morrer. A Justiça continua investigando a misteriosa morte do promotor que denunciou Cristina e, poucos dias depois, foi encontrado no banheiro de seu apartamento, com um tiro na cabeça. A hipótese de suicídio é considerada absurda pela família Nisman e pela ex-mulher, a juíza Sandra Arroyo. As declarações do ex-agente foram recebidas com profunda irritação por dirigentes kirchneristas. Um dos mais enfurecidos foi o ex-secretário geral da Presidência, Oscar Parrilli. "Stiuso é uma figura perversa, um psicopata que tem um claro objetivo: ameaçar juízes, políticos e promotores". O governo do presidente Mauricio Macri não comentou a entrevista. “Eu não entendo de política, sempre fiz outras coisas: coisas exteriores, de inteligência, contrainteligência, terrorismo. Os Kirchner não usavam o serviço de Inteligência do Estado, eles tinham serviços paralelos”, contou Stiuso. Para ele, os processos contra Cristina e ex-funcionários de seu governo avançam nos tribunais “porque a ex-presidente já não tem o controle do Estado e não pode silenciar mais ninguém”. Stiuso referiu-se a Cristina como “apenas uma mulher louca, sem força, sem o controle do Estado”. Segundo o “Clarín”, após a entrevista, ele viajou para os EUA. Ontem, os advogados de Cristina foram aos tribunais negar que ela tenha participado de operações de lavagem de dinheiro e insistir no pedido para que o juiz Claudio Bonadio e a deputada Margarita Stolbizer sejam investigados por tráfico de informações.

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