O título de homem mais rico do Brasil e a presença do empresário Eike Batista na lista das dez pessoas mais abastadas do mundo fizeram os negócios do grupo EBX com o fundo de investimentos do FGTS deslancharem, segundo a delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto. O corrupto delator Fabio Cleto afirmou aos investigadores da Lava Jato que a LLX, empresa de logística do grupo EBX, fez uma captação no fundo, via emissão de debêntures, no valor de R$ 750 milhões, em maio de 2012. A operação tinha o objetivo de financiar a construção do Porto de Açu, no Rio de Janeiro, e se tratava de um complexo industrial atrelado ao porto. O delator afirmou que o negócio enfrentou resistências para receber aval da diretoria e só foi aprovado depois que Eike Batista assumiu, como pessoa física, os riscos da operação. A negociação era considerada de risco porque estava condicionada a que o porto ficasse pronto e operacional e tivesse, então, recebíveis. Fabio Cleto disse que Otávio Lazcano, ex-diretor do grupo, deixou uma reunião para telefonar ao empresário. Ele, diz o delator, voltou "com a solução de que o Eike daria um aval, na pessoa física, para a operação e que isto solucionava todo o problema, pois na época Eike era uma das dez pessoas mais ricas do mundo e, caso a empresa não pagasse, ele mesmo teria que pagar". "Na época, não havia questionamentos sobre o grupo em si, ou seja, não havia nenhuma preocupação com a solvência e saúde financeira do Grupo EBX", completou. O delator apontou que Eike Batista tinha interesse em estreitar relações com o fundo: "Que o próprio Eike foi à CEF se encontrar com o depoente e outros vice-presidentes da CEF, para apresentar o grupo, com o objetivo de captar valores, não apenas do FI-FGTS, mas também de outras operações". Eike Batista já foi o homem mais rico do Brasil, com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões, uma fortuna virutal, uma fortuna de papel, mas seu império desmoronou depois que empresas deixaram de cumprir cronogramas e de atingir metas. A falta de resultados e o pessimismo em relação ao futuro do grupo preocuparam investidores, e as ações passaram a cair na Bolsa e, com isso, o patrimônio do empresário começou a encolher e as empresas entraram com pedidos de recuperação judicial. Cleto afirmou em sua delação que a operação no FI-FGTS envolveu o pagamento de propina. O delator disse acreditar que Eike Batista tenha negociado diretamente a vantagem indevida com o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e que o total de vantagem indevida seria de R$ 6 milhões: "Cunha havia comentado com o depoente que tinha visitado a sede da EBX no Rio de Janeiro. Que esta visita foi na época da operação e no contexto mencionado e, portanto, pode ter sido nesta reunião que Cunha cobrou a propina. Que Cunha comentou com o depoente que fez tal visita também na época da operação". Cleto disse que Cunha "pediu ao depoente "apoio" para a operação, que isto significava que Cunha já tinha conversado com a empresa e negociado alguma propina. Ele explicou que, quando Cunha pedia "apoio" ao depoente, significava que era para o depoente votar favoravelmente no Comitê de Investimento do FI-FGTS ao projeto.
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