quarta-feira, 15 de junho de 2016

Venezuela sob impacto de onda de saques, já são mais de 400 presos só no Estado de Sucre

Mais de 400 pessoas foram presas em Cumaná, capital do Estado de Sucre, no leste da Venezuela, sob acusação de participar de uma onda de saques a mercados e lojas, segundo o governador do Estado, Luis Acuña. Em entrevista ao canal de TV Globovision, Acuña, que é chavista, negou relatos da oposição de que uma pessoa morreu durante os distúrbios. Mas ele admitiu que os saques são ocasionados porque, num país onde a distribuição de alimentos está sob forte controle estatal, autoridades não conseguem atender às necessidades da população.
 

"Como todo o país nestes primeiros meses do ano, lidamos com um volume de alimentos que não é a totalidade do que precisamos para o pleno abastecimento. Tivemos dificuldades na rede pública e privada", afirmou Cuña. Ecoando declarações do presidente Nicolás Maduro, ele atribuiu a ação a "vândalos" e afirmou que a situação já voltou à normalidade. Moradores relatam forte presença policial e militar na cidade. Mesmo cada vez mais acostumados a saques, muitos venezuelanos ficaram chocados com a magnitude dos eventos em Cumaná, onde dezenas de lojas foram depredadas. Vídeos e fotos dos ataques ao comércio circularam nas redes sociais. Segundo a ONG Observatório Venezuelano da Violência, existem ao menos dez tentativas diárias de saque pelo país. Uma delas ocorreu nesta quarta-feira (15) no supermercado Patio, numa zona abastada do leste de Caracas. Ao menos três pessoas morreram nos últimos dias em meio à violência relacionada aos saques. Ataques ao comércio se acirram à medida em que o país afunda numa espiral de desabastecimento, inflação e anarquia que inferniza a vida da maior parte dos 30 milhões de habitantes do país. A oposição atribui o desastre às políticas chavistas, como expropriações e controles de preço e de câmbio que devastaram o setor produtivo. Com crescente apoio internacional, inclusive do Brasil, setores antichavistas tentam organizar um referendo para revogar o ditador psicopata Maduro, eleito em 2013 para um mandato de seis anos. Maduro diz que a crise é fruto de uma "guerra econômica" orquestrada por empresários que, segundo ele, fomentam caos no comércio com o intuito de sabotar supostas conquistas sociais chavistas. 

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