Mais de 400 pessoas foram presas em Cumaná, capital do Estado de Sucre, no leste da Venezuela, sob acusação de participar de uma onda de saques a mercados e lojas, segundo o governador do Estado, Luis Acuña. Em entrevista ao canal de TV Globovision, Acuña, que é chavista, negou relatos da oposição de que uma pessoa morreu durante os distúrbios. Mas ele admitiu que os saques são ocasionados porque, num país onde a distribuição de alimentos está sob forte controle estatal, autoridades não conseguem atender às necessidades da população.
"Como todo o país nestes primeiros meses do ano, lidamos com um volume de alimentos que não é a totalidade do que precisamos para o pleno abastecimento. Tivemos dificuldades na rede pública e privada", afirmou Cuña. Ecoando declarações do presidente Nicolás Maduro, ele atribuiu a ação a "vândalos" e afirmou que a situação já voltou à normalidade. Moradores relatam forte presença policial e militar na cidade. Mesmo cada vez mais acostumados a saques, muitos venezuelanos ficaram chocados com a magnitude dos eventos em Cumaná, onde dezenas de lojas foram depredadas. Vídeos e fotos dos ataques ao comércio circularam nas redes sociais. Segundo a ONG Observatório Venezuelano da Violência, existem ao menos dez tentativas diárias de saque pelo país. Uma delas ocorreu nesta quarta-feira (15) no supermercado Patio, numa zona abastada do leste de Caracas. Ao menos três pessoas morreram nos últimos dias em meio à violência relacionada aos saques. Ataques ao comércio se acirram à medida em que o país afunda numa espiral de desabastecimento, inflação e anarquia que inferniza a vida da maior parte dos 30 milhões de habitantes do país. A oposição atribui o desastre às políticas chavistas, como expropriações e controles de preço e de câmbio que devastaram o setor produtivo. Com crescente apoio internacional, inclusive do Brasil, setores antichavistas tentam organizar um referendo para revogar o ditador psicopata Maduro, eleito em 2013 para um mandato de seis anos. Maduro diz que a crise é fruto de uma "guerra econômica" orquestrada por empresários que, segundo ele, fomentam caos no comércio com o intuito de sabotar supostas conquistas sociais chavistas.
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