Visivelmente irritado, o presidente interino, Michel Temer (PMDB), fez um pronunciamento a jornalistas nesta quinta-feira para rebater a acusação do delator da Operação Lava Jato Sérgio Machado - ex-presidente da Transpetro, ele afirmou que combinou com Temer doação de recursos ilícitos para campanha eleitoral em 2012. Temer reagiu: "A manifestação é irresponsável, leviana, mentirosa e criminosa do cidadão Sérgio Machado". Temer reconheceu, no entanto, que a acusação embaraça o governo provisório, no momento em que tenta emplacar projetos de ajuste fiscal. O presidente interino subiu o tom em relação à nota publicada na véspera, na qual dizia que a acusação era "absolutamente inverídica" e assumiu ter um relacionamento "formal e sem nenhuma proximidade" com o delator. Na colaboração premiada, Sérgio Machado declarou o repasse de 1,5 milhão de reais da Queiroz Galvão, dissimulado como doação oficial à campanha do "menino" - referência ao então candidato peemedebista a prefeito de São Paulo Gabriel Chalita, hoje no PDT e rompido politicamente com Temer. "Eu falo, em primeiro lugar como homem, como ser humano, para dizer que nossa honorabilidade está acima de qualquer função ou tarefa pública que exerça no momento ou venha a exercer. Ao falar como ser humano, quero me dirigir à minha família, aos muitos amigos e conhecidos que tenho no Brasil e ao povo brasileiro para dizer que não deixarei passar em branco essas afirmações levianas que acabei de mencionar", disse o presidente interino: "Falo com palavras indignadas, mas ao meu estilo, para registrar que essa leviandade não pode prevalecer". Temer tentou passar sobriedade e afirmou que a citação ao seu nome no acordo de Sérgio Machado com o Ministério Público está ligado ao fato de ele exercer a Presidência da República provisoriamente, desde o afastamento de Dilma Rousseff pelo processo de impeachment. "É claro que uma coisa está muito ligada à outra. Alguém que teria cometido aquele delito irresponsável que o cidadão Sérgio Machado apontou não teria até condições de presidir o País. Por isso que a primeira palavra que dei foi precisamente como homem, para poder andar nas ruas do meu Estado, nas ruas do Brasil, receber os cumprimentos e as homenagens que tenho recebido neste último mês em todos os locais por onde passo e para não deixar a afirmação de que eventualmente eu pratique atos malfeitos". Na rápida declaração à imprensa no Palácio do Planalto, Temer também disse que o limite para os gastos públicos de vinte anos proposto pelo Executivo por meio de PEC "é dos mais adequados para o momento que passa o País e de uma seriedade extraordinária" - em referência ao déficit de 170,5 bilhões de reais previsto para 2016 e os cerca de 400 bilhões de reais da dívida pública. "No instante em que nós estamos fazendo um esforço extraordinário, com apoio, convenhamos, da grande maioria do povo brasileiro e da quase totalidade daqueles que no Congresso Nacional pensam o Brasil, surge um fato leviano como este que embaraça a atividade ou pode embaraçar a atividade governamental. Mas quero aqui registrar em alto e bom som. Nada embaraçará o nosso desejo e nada impedirá que nós continuemos a trabalhar em prol do Brasil e do povo brasileiro. Não vamos tolerar afirmações dessa natureza. Quando surgirem fatos dessa natureza, eu virei a público para contestá-las em benefício da harmonia do nosso país", afirmou o presidente.
Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas realizado a pedido do site de VEJA e divulgado nesta quinta-feira revela que o governo Temer é desaprovado por 55% dos brasileiros e que a ampla maioria, 84%, acha que ele errou ao nomear ministros investigados na Operação Lava Jato.
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