A 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal acolheu nesta terça-feira denúncia do Ministério Público Federal e abriu ação penal contra o deputado federal Nelson Meurer (PP-PR) na Operação Lava Jato e contra os filhos dele Nelson Meurer Junior e Cristiano Augusto Meurer. Eles passam agora à condição de réus pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo Paulo Roberto Costa, delator do Petrolão do PT, Meurer era um dos expoentes do Partido Progressista (PP) no esquema de arrecadação de propina desviada de empresas com contratos com a Petrobras. As investigações da Operação Lava Jato estimam que parlamentares do PP receberam cerca de 358 milhões de reais em propina de empreiteiras entre 2006 e 2014, sendo que mais de 62 milhões de reais eram de responsabilidade do doleiro e delator Alberto Youssef. Os indícios são de que Nelson Meurer embolsou quase 30 milhões de reais em dinheiro sujo. Em depoimentos à Justiça, Alberto Youssef afirmou que políticos do Partido Progressista receberam repasses mensais de até 750.000 reais em propina, a partir de dinheiro desviado na Petrobras, durante a campanha eleitoral de 2010. Em depoimento do juiz Sergio Moro, o delator citou quatro beneficiários preferenciais da propina do partido - o ex-ministro das Cidades, Mario Negromonte; os ex-deputados Pedro Corrêa e João Pizzolatti e o próprio Nelson Meurer. Apontado pelo Ministério Público como responsável por distribuir propina a políticos envolvidos na Operação Lava Jato, o delator Carlos Alexandre de Souza Rocha, conhecido como Ceará, também relatou como Meurer e os mais diversos deputados protagonizavam uma verdadeira romaria ao escritório de Youssef, no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo, e disse que todos os congressistas tinham plena consciência de que recebiam dinheiro de propina. Entre os destinatários frequentes de propina, Ceará citou às autoridades o ex-ministro das Cidades, Mario Negromonte (PP-BA), como "o mais achacador", e Nelson Meurer como o responsável pela "mesada gorda" a ser repassada ao PP. Na versão apresentada pelo carregador de malas, o deputado Nelson Meurer, por exemplo, utilizava um dos filhos para receber propina em seu nome. Antes das eleições de 2010, disse ele, o filho do parlamentar recebeu 300.000 reais em um quarto do Hotel Curitiba Palace, na capital paranaense. Em outra oportunidade, novo repasse de até 300.000 reais. Para evitar chamar atenção, a propina era escondida nas pernas de Ceará. "No quarto, o declarante retirava o dinheiro das pernas, nas quais os valores eram transportados, e entregava para o filho de Nelson Meurer", diz trecho da delação premiada do carregador de malas do Alberto Youssef.
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