Acusado pelo ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, de receber mais de 32 milhões de reais em propina, o presidente do Senado, o cangaceiro descarado Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu nesta quinta-feira mudanças na lei da delação premiada e afirmou que, em caso de investigado preso, os depoimentos não deveriam ser levados em conta. Em grampo feito pelo próprio Sérgio Machado, Renan Calheiros já havia defendido alteração na lei. "No desespero o delator envolve até a mãe, quanto mais um amigo", disse ele nesta quinta-feira. Pela Lei 12850/2013, que trata da delação, o delator pode ter a pena reduzida ou receber perdão judicial se identificar, sem qualquer coação, coautores dos crimes, a estrutura hierárquica da organização criminosa e promover a recuperação total ou parcial do produto dos ilícitos. "Uma outra coisa é a delação de réu preso. Quase todos contam uma história só, todos vivendo o desespero da pressão familiar. Nessas condições não deveria prestar depoimento porque certamente será comprometido, mentiroso em função da necessidade do preso sair da cadeia", declarou. Renan Calheiros, que tem em mãos um pedido de impeachment contra o procurador-geral Rodrigo Janot, acusou o Ministério Público de ter orquestrado delações premiadas para incriminar senadores. Foi o caso, segundo ele, da gravação ambiental promovida por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, e da colaboração do ex-líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), que tinha uma cláusula de confidencialidade, não aceita pelas autoridades, que deveria vigorar por seis meses. "Está claro que aquilo era uma encomenda, não só o senador com a sua delação pré-datada por seis meses", criticou. Mais uma vez, o cangaceiro presidente do Senado atacou o conteúdo da delação premiada de Sergio Machado. Além de apontar repasses de mais de 32 milhões de reais a Calheiros, o delator disse que pagava mesada de 300.000 reais ao parlamentar. "É uma delação mentirosa do começo a fim. Não apresenta uma prova sequer. É a repetição de narrativas de delatores que estão desesperados para sair da cadeia, ou querem limpar, lavar milhões que pilharam do setor público", disse. "É uma narrativa para botar uma tornozeleira, ficar preso em casa e limpar mais de um bilhão roubado do povo brasileiro", completou. Apesar de defender mudanças na Lei de Delação, Renan Calheiros disse que o tema "não tem nada a ver absolutamente com a Lava Jato". "Acho que a Lava Jato é importante, mas o principal papel da Lava Jato e de outras operações é separar o joio do trigo. É dividir aqueles que estão investigados por ouvir dizer (...) daqueles que roubaram bastante", afirmou.
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