O Panamá inaugura neste domingo o novo canal de navegação, que permitirá a passagem de navios da classe Neopanamax, capazes de transportar até 14 mil contêneires, o triplo da carga atual, em seus 80 quilômetros. As obras foram avaliadas em mais de US$ 5 bilhões. A nova rota será inaugurada com o navio porta-contêineres da Cosco Shipping Panamá que já zarpou da Grécia. Ele vai atravessar a via a partir da eclusa de Água Clara, no Caribe, até a de Cocolí, no Pacífico. Com o Canal ampliado o tesouro panamenho espera triplicar o montante de US$ 1 bilhão que recebe anualmente com a cobrança de pedágios. A estimativa é de que 5% do comércio marítimo mundial passe pelo canal do Panamá. Os países que mais utilizam o Canal (com destaque aos Estados Unidos, China e Chile) esperam ansiosos pela entrada em vigor da nova estrutura que liga o Atlântico ao Pacífico. A partir da criação de uma nova faixa de tráfego, o canal duplicará a capacidade da hidrovia. A expansão do Canal exigiu a construção de um terceiro conjunto de eclusas; canal de acesso do Pacífico; melhoria dos canais de navegação (dragagem) e melhorias para abastecimento de água. O projeto foi baseado em seis anos de pesquisa, que incluiu mais de cem estudos sobre a viabilidade econômica, a demanda do mercado, impacto ambiental e outros aspectos técnicos de engenharia. A desaceleração da economia da China, segundo cliente da rota interoceânica, com fluxo de 48.419.974 toneladas em 2015, é um dos fatores de apreensão sobre esse importante motor da economia panamenha, que no ano passado cresceu 6%, a maior taxa da América Latina. O início das operações do canal ampliado, nesse contexto, não preocupa Luis Ferreira, porta-voz da estatal e autônoma Autoridade do Canal do Panamá (ACP): "Quando houve problemas econômicos no passado, perdemos basicamente de 2% a 3% da carga. Pode ser que aconteça o mesmo desta vez, mas não esperamos uma redução substancial, a menos que exista uma completa recessão na China". As obras de ampliação do canal — que em 2014 completou seu centenário e movimenta, em seus 80 quilômetros, em torno de 2,5% do comércio mundial — tiveram investimento de US$ 5,25 bilhões e começaram no dia 3 de setembro de 2007. Com esse megaprojeto, realizado pelo Grupo Unido pelo Canal, encabeçado pela construtora espanhola Sacyr, o Panamá espera aumentar o tráfego diário, dos atuais 35 a 40 navios, para 48 a 51 embarcações. As novas eclusas, que sobem ou baixam os navios para equilibrar a diferença entre o nível do mar e o lago do canal, também permitirão a circulação de navios de maior capacidade. Atualmente transitam pelo canal embarcações de até cinco mil toneladas, e com a ampliação também poderão trafegar os chamados navios neopanamax, de até 13 mil toneladas. Dessa forma, para além da conjuntura, para os setores produtivos panamenhos a ampliação é uma promessa de crescimento econômico. A equipe de especialistas em comércio internacional da ACP disse que não houve impacto pelo enfraquecimento da economia mundial na atividade do canal no ano passado, e tampouco se espera que isso aconteça em 2016. Os volumes de matéria-prima para uso industrial, como carvão e minério de ferro, destinados à China, não são significativos para o canal, considerando que há fontes mais próximas na Austrália e no Brasil que não utilizam a via aquática, apontam os especialistas. Por outo lado, os volumes de grãos, especialmente soja, cresceram em bom ritmo nos últimos anos devido ao aumento no consumo de alimentos na China. Além disso, consideram que a ampliação do canal abrirá oportunidades para os fluxos comerciais de produtos não tradicionais, como gás natural liquefeito, e oferecerá economia em escala, que tornará mais atraente o uso da rota pelo Panamá para segmentos como os porta contêineres e graneleiros secos.
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