O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ao Supremo Tribunal Federal denúncia contra o deputado federal Dudu da Fonte (PP-PE) por indícios de que ele intermediou pedido de propina para barrar em 2009 as investigações da CPI da Petrobras. Segundo o Ministério Público, Dudu cometeu o crime de corrupção passiva porque atuou junto ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, para pedir 10 milhões de reais a fim de que o então presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, atuasse para que a comissão de inquérito não produzisse resultado efetivo. Além da condenação de Dudu da Fonte, Rodrigo Janot pede a cassação do deputado e a devolução de, no mínimo, 10 milhões de reais, montante equivalente ao pedido de propina. De acordo com Janot, Dudu da Fonte tinha amplo conhecimento do esquema criminoso na Petrobras e, por isso, atuou no acerto da propina. O PP, partido ao qual o deputado é filiado, foi o principal padrinho de Paulo Roberto Costa na estatal. Para viabilizar o dinheiro, Dudu, Sérgio Guerra e Paulo Roberto Costa se reuniram pelo menos quatro vezes no Rio de Janeiro, no segundo semestre de 2009, para acertar detalhes do pagamento. Uma das reuniões foi gravada em áudio e vídeo e entregue ao Ministério Público. Acerto feito, Paulo Roberto Costa recolheu 10 milhões de reais do então deputado federal José Janene, controlador do caixa da propina do PP. Segundo as investigações, os valores acabaram sendo facilmente providenciados pelas empreiteiras Queiroz Galvão e Galvão Engenharia, já inseridas no propinoduto da Petrobras e responsáveis por parte das obras na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, objeto de investigação na CPI. Dudu da Fonte é investigado em outros inquéritos relacionados à Operação Lava Jato. Recentemente, Rodrigo Janot pediu ao Supremo que o poderoso chefão e ex-presidente Lula, diversos políticos do PT e do PMDB, além de ministros de Estado, empresários e o atual chefe de gabinete da presidente Dilma, Jaques Wagner, passassem a integrar o inquérito que investiga a atuação de uma quadrilha no megaesquema de corrupção instalado na Petrobras. Dudu da Fonte é um dos citados pelo procurador-geral como um dos integrantes do bando que sangrou os cofres da petroleira. Em depoimentos à Justiça, o nome do deputado também foi citado pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa como um dos beneficiários de propina recolhida da petroquímica Braskem. Os delatores afirmam que pagaram de 1% a 3% em propina, em dinheiro vivo, tanto para Costa quanto para políticos filiados ao Partido Progressista (PP) entre 2006 e 2012. No esquema, o dinheiro era desembolsado para acelerar a compra de nafta, composto proveniente do petróleo utilizado como matéria-prima do setor. De acordo com a delação premiada de Alberto Youssef, em troca do favorecimento para a compra do insumo, a Braskem pagou em média 5 milhões de dólares em propina por ano.
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