terça-feira, 28 de junho de 2016

Mercosul em crise cancela cúpula de presidentes


O Mercosul está passando por um de seus piores momentos e como reflexo de uma crise interna cada vez mais profunda os países do bloco decidiram não realizar a cúpula de presidentes do meio do ano, confirmou uma alta fonte da chancelaria argentina. O principal motivo que levou o bloco a suspender o encontro de chefes de Estado foi a situação da Venezuela que, de acordo com o calendário oficial, deveria assumir a Presidência Pro Tempore do Mercosul. Essa possibilidade, que ainda gera debate interno, preocupa os demais países membros já que, na prática, significa deixar nas mãos de Caracas o comando do processo de integração por um período de seis meses, em meio à delicada situação política, social e econômica da Venezuela. Segundo uma fonte do governo brasileiro, a existência de dois presidentes da República no Brasil, que sequer se cumprimentam, também pesou na decisão de suspender a cúpula. Na última segunda-feira, a ministra das Relações Exteriores da Argentina, Susana Malcorra, se reuniu com seu colega de pasta uruguaio, Rodolfo Nin Noboa, em Montevidéu, e no encontro ficou definido que no próximo mês de julho será organizada apenas uma reunião de chanceleres. Com o comércio intra e extra bloco em baixa, a evidente falta de sintonia entre os chefes de Estado do Mercosul acentua a deterioração de um processo de integração que, segundo analistas, atravessa um período crítico. Nos últimos meses, aumentaram os questionamentos dentro do bloco ao governo do ditador venezuelano, Nicolás Maduro, mergulhado em uma disputa com seus opositores sobre a realização de um referendo sobre sua permanência no poder. Além do cenário político conturbado, a Venezuela representa, de acordo com fontes argentinas, um obstáculo para ampliar o comércio do Mercosul com outros países e blocos, entre elas a União Européia (UE), hoje prioridade de seus sócios regionais. O governo brasileiro considerou que a suspensão já era um fato. No próximo semestre, deveriam ser dados passos importantes na negociação de um acordo de livre comércio com a UE. Uma eventual presidência venezuelana é vista com preocupação e como um potencial elemento perturbador de um processo que, por si só, já é complicado.  

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