Mobilizados pelo governo, centenas de detentos venezuelanos foram retirados da cadeia e levados até a frente do Ministério Público do país, em Caracas, nesta sexta-feira (17), para se manifestarem contra o pedido de referendo para tirar o ditador Nicolás Maduro do poder. Vestidos com o uniforme azul-celeste, amarelo e fúcsia, 300 presos se concentraram diante da sede principal do Ministério Público no centro da capital, acompanhados por militares da Guarda Nacional. "Fraude, fraude!", gritavam os presidiários, enquanto membros do governo apresentavam denúncia contra líderes da Mesa da Unidade Democrática (MUD), de oposição ao chavismo. Segundo chavistas, a MUD teria cometido "usurpação de identidade" na coleta de assinaturas que dá início ao processo de consulta popular. "Estou encontrando assinaturas de pessoas privadas de liberdade (detentos) que nunca poderiam ter assinado, nem que desejassem. Como é que seus nomes aparecem aqui?", disse Iris Varela, ministra de Assuntos Penitenciários. Varela havia revelado anteriormente que sua pasta constatou 81 casos de usurpação de identidade, mas em discurso diante da sede do MP afirmou que "se atreveram a utilizar os dados de mais de 1.300 presidiários". As palavras de Varela foram recebidas com aplausos pelos detentos das prisões de El Rodeo, Yare e Los Teques, as três maiores penitenciárias do centro do país. Há uma semana, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) comunicou a anulação de 605 mil assinaturas a favor do referendo, alegando múltiplas irregularidades. Ainda assim, o processo continuou com a validação do apoio de 1,3 milhão de pessoas e, na próxima semana, as firmas aprovadas serão submetidas a certificação digital. Para ativar o referendo contra Maduro são necessárias 200 mil firmas e, depois disso, a oposição deverá recolher quatro milhões de assinaturas para sair vitoriosa na consulta.
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