quarta-feira, 22 de junho de 2016

Delatores da Andrade Gutierrez e Odebrecht ligam Sérgio Cabral à tomada de propina em obras da Copa do Mundo


Dois delatores da Operação Lava Jato, um ligado à Odebrecht e outro à Andrade Gutierrez, envolveram o ex-governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB), em esquemas de corrupção em obras do metrô e na reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014. Em seu acordo de delação premiada, o ex-executivo da construtora Andrade Gutierrez, Clóvis Renato Primo, relatou que o então secretário de Governo de Cabral, Wilson Carlos, pediu à empreiteira que pagasse propina ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, órgão responsável justamente por fiscalizar as obras públicas do governo estadual e das prefeituras. O pagamento da vantagem ilícita teria o objetivo de evitar problemas com o tribunal em relação às obras do estádio do Maracanã, que sediou o final da Copa do Mundo. Segundo Primo, a propina seria de 1% do valor da obra e seria repassada ao então presidente do TCE, José Maurício Nolasco. O delator autorizou o pagamento, mas não soube dizer se ele foi feito efetivamente. As obras no estádio deveriam ter custado 705 milhões de reais aos cofres públicos, mas, após receber 16 aditivos, a cifra aumentou para 1,2 bilhão de reais. Em outra frente da investigação, o ex-diretor-presidente da Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, que foi preso em fevereiro na Operação Acarajé, contou a procuradores da Lava Jato que Sérgio Cabral cobrou propina sobre as obras, além do Maracanã, do metrô e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). O ex-governador peemedebista tinha como regra exigir 5% de propina do valor total das obras. As informações foram prestadas durante a fase de negociação da delação premiada, que ainda não foi fechada com a procuradoria. No final de março, sob regime de delação, Clóvis Primo e outro ex-executivo da Andrade Gutierrez, Rogério Nora Sá, já haviam dito aos investigadores que Sérgio Cabral pediu propina para autorizar a empreiteira a se associar à Odebrecht e à Delta no consórcio constituído para reformar o Maracanã. Nora Sá teria até se encontrado com Benedicto Júnior para combinar o acerto, em 2009. 

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