A Operação Lava Jato apreendeu na casa de um funcionário da OAS uma agenda com o registro das reuniões, almoços e jantares com políticos do presidente da empreiteira, José Aldemário Pinheiro, conhecido como Léo Pinheiro, logo após a deflagração da Operação Lava Jato. São encontros, a maior parte deles em hotéis de Brasília, com o ex-presidente Lula, os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho e o ex-assessor do ex-ministro Antonio Palocci, Charles Capela de Abreu. “Dr. Charles” foi citado na delação premiada do lobista Fernando Baiano como intermediário de um repasse de 2 milhões de reais desviados de contratos da Petrobras à campanha da presidente afastada Dilma Rousseff em 2010. O acordo para repassar o dinheiro foi fechado no comitê eleitoral de Dilma em Brasília depois de uma reunião entre Baiano, Paulo Roberto Costa e Palocci. A agenda com os registros dos encontros foi encontrada em 14 de abril, nas buscas que tinham como alvo Marcos Paulo Ramalho, funcionário da OAS, secretário de Léo Pinheiro. Nas anotações, há registros ainda de encontros com parlamentares como Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Jutahy Magalhães (PSDB-BA), alvos de pedidos de investigação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Listado pela Polícia Federal entre os itens recolhidos nas buscas da Operação Vitória de Pirro – em que Léo Pinheiro é acusado de se associar ao ex-senador Gim Argello para comprar parlamentares da CPI das Petrobras, em 2014, o caderno preto com o nome da OAS em relevo na capa guarda ainda os registros de encontros com outros políticos, como os deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Índio da Costa (PSD-RJ) e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que concorreu ao governo de São Paulo pelo PMDB em 2014. Preso em 14 de novembro do ano passado, na 7ª fase da Lava Jato, a Juízo Final, e condenado pelo juiz federal Sergio Moro a 16 anos de prisão, Léo Pinheiro negocia com a força-tarefa que conduz as investigações da operação um acordo de delação premiada. Sua rotina de encontros com políticos poderosos faz parte dos itens que o Ministério Público Federal quer que o empresário detalhe. As anotações do secretário de Léo Pinheiro surgiram após ele ser mandado para casa para cumprir prisão domiciliar, por ordem do Supremo Tribunal Federal. Alguns dos nomes registrados são alvos de inquéritos ou pedidos de investigação feitos pela Procuradoria Geral da República. Na mesma agenda estão os encontros de Léo Pinheiro, a maioria entre abril e maio de 2014, com outros presos na Lava Jato, como o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o lobista Julio Gerin Camargo, um dos primeiros delatores a firmar acordo de colaboração com o Ministério Público Federal. Ele confessou ter atuado em parceria com Léo Pinheiro para blindar empreiteiras na CPI da Petrobras. Outro nome que aparece na agenda de reuniões de Léo Pinheiro é o ex-deputado federal Alfredo Sirkis, do PSB-RJ, um dos principais articuladores das campanhas de Marina Silva à presidência da República, em 2010 e 2014.
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