O senador Aécio Neves (PSDB-MG) negou na tarde desta quarta-feira (15) que sua eleição à presidência da Câmara dos Deputados, em 2001, tenha sido bancada com propinas. O ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, relatou em sua delação premiada na Operação Lava Jato, que teria participado de uma captação de recursos ilícitos para bancar a eleição de Aécio Neves. "São acusações falsas e covardes de quem, no afã de apagar seus crimes e conquistar os benefícios de uma delação premiada, não hesita em mentir e caluniar", afirmou o senador em nota. Segundo Sérgio Machado, ficou acertado entre ele, Aécio Neves e Teotônio Vilela Filho (à época presidente nacional do PSDB) que eles levantariam recursos financeiros para ajudar cerca de 50 deputados a se elegerem, o que viabilizaria o apoio à eleição de Aécio Neves ao comando da Câmara. Esse recurso teria sido solicitado à campanha nacional de Fernando Henrique Cardoso, que se reelegeu presidente em 1998. No depoimento, Sérgio Machado disse que o acordo foi costurado sem aval do ex-presidente. "Que o presidente Fernando Henrique Cardoso não queria que o PSDB disputasse a presidência da Câmara porque tinha medo de fissuras na sua base politica. Que contra a vontade do presidente Fernando Henrique foram feitas diversas reuniões na casa do depoente para fechar o acordo", completou. "Qualquer pessoa que acompanha a cena política brasileira sabe que, em 1998, sequer se cogitava a minha candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, o que só ocorreu muito depois. Essa eleição foi amplamente acompanhada pela imprensa e se deu exclusivamente a partir de um entendimento político no qual o PSDB apoiaria o candidato do PMDB à presidência do Senado e o PMDB apoiaria o candidato do PSDB à presidência da Câmara dos Deputados. A afirmação feita não possui sequer sustentação nos fatos políticos ocorridos à época", diz a nota de Aécio Neves. Foram arrecadados cerca de R$ 7 milhões à época, de acordo com Sérgio Machado, dentre recursos que vieram de empresas e também do Exterior. Sérgio Machado era então do PSDB, antes de mudar para o PMDB. Machado afirma que parte dos recursos vieram da campanha de Fernando Henrique Cardoso, por intermédio de Luiz Carlos Mendonça de Barros, que foi ministro das Comunicações do tucano. Ele diz que Luiz Carlos Mendonça de Barros assumiu a função de cuidar dos recursos depois da morte do ex-ministro das Comunicações, Sérgio Motta, que negociava com os candidatos o apoio financeiro. "Esses recursos ilícitos foram entregues em várias parcelas em espécie, por pessoas indicadas por Mendonça de Barros; que os recursos foram entregues aos próprios candidatos ou a seus interlocutores; que a maior parcela dos cerca de R$ 7 milhões de reais arrecadados à época foi destinada ao então deputado Aécio Neves, que recebeu R$ 1 milhão em dinheiro", detalhou Sérgio Machado. Segundo ele, Aécio Neves recebia os valores "através de um amigo de Brasília que o ajudava nessa logística", mas não informou o nome da pessoa. Sérgio Machado também corroborou outros depoimentos sobre Aécio Neves em relação ao recebimento de propina de Furnas e disse que "parte do dinheiro para a eleição de Aécio para a Presidência da Câmara veio de Furnas", comandada à época por Dimas Toledo. "Todos do PSDB sabiam que Furnas prestava grande apoio ao deputado Aécio Neves via o diretor Dimas Toledo, que era apadrinhado por ele durante o governo Fernando Henrique Cardoso e Dimas Toledo contribuiu com parte dos recursos para a eleição da bancada da Câmara à época", disse Machado, em sua delação.
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