A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia abriu inquérito para investigar a eventual participação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do senador Romero Jucá (PMDB-RR) no suposto esquema de compra de medidas provisórias que está na mira da Operação Zelotes. O ex-servidor da Receita Federal João Gruginski contou à Polícia Federal, em dezembro, que participou de reunião na qual o lobista Alexandre Paes dos Santos, o APS, teria falado "abertamente" sobre o pagamento de propina a parlamentares, entre eles os dois parlamentares. De acordo com Gruginski, APS disse-lhe que Jucá, Renan e o ex-senador Gim Argello, preso pela PF durante a Operação Lava Jato, pediram R$ 45 milhões de suborno para trabalharem pela aprovação de emenda de interesse do setor automotivo. As informações prestadas pelo ex-funcionário da Receita deram origem ao pedido de instauração de inquérito no Supremo relativo aos peemedebistas. Por serem senadores, ambos têm foro privilegiado. A relatoria ficou a cargo da ministra Cármen Lúcia. Um manuscrito apreendido na casa de APS, que está preso em consequência dos fatos investigados na Zelotes, também reforça as suspeitas contra o trio. Na folha de papel, lê-se o número "45" e, ao lado, as seguintes anotações: "15 - GA"; "15 - RC"; e "15 - RJ". A Zelotes, cuja primeira fase foi deflagrada em março do ano passado, aponta para um dos maiores esquemas de sonegação fiscal já descobertos no país. Suspeita-se que quadrilhas atuavam junto ao Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão ligado ao Ministério da Fazenda, revertendo ou anulando multas. Além dessas ilegalidades, a operação tem como foco suposto pagamento de propina para a compra de medidas provisórias que interessavam à indústria automotiva. Um a ação penal relacionada a esses casos está correndo na 10ª Vara Federal em Brasília.
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