Senadores da base aliada do governo e da oposição avaliaram na quarta-feira (25) que as gravações envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-presidente e ex-senador José Sarney (PMDB-AP) e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, não representam indícios de que os peemedebistas cometeram atos ilícitos. "A gravação envolvendo Renan é menos grave e comprometedora que a de Romero Jucá (PMDB-RR). Não aparenta que ele esteja querendo criar obstrução à Justiça. Tem coisas que ele fala de insatisfação junto ao Supremo Tribunal Federal que, na verdade, são opiniões que muita gente aqui tem", afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE), ex-líder do governo no Senado da presidente afastada Dilma Rousseff. O petista defendeu que todos os fatos relatados nas conversas sejam investigados. Reportagens da Folha de quarta-feira (25) mostram que Renan disse a Machado apoiar uma mudança na lei que trata da delação premiada de forma a impedir que um preso se torne delator – procedimento central utilizado pela Operação Lava Jato. Renan sugeriu que, após enfrentar esse assunto, também poderia "negociar" com membros do Supremo Tribunal Federal "a transição" de Dilma Rousseff, presidente hoje afastada. Já Sarney prometeu a Machado que poderia ajudá-lo a evitar que seu caso fosse transferido para a vara do juiz federal Sergio Moro, em Curitiba (PR), mas "sem meter advogado no meio". As conversas foram gravadas pelo próprio Machado, que na terça-feira (24) fechou um acordo de delação premiada no STF. Renan e o ex-presidente da Transpetro são investigados pela Lava Jato. Para o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), não há, entre os senadores da sigla, preocupações com as gravações. "O que foi colocado pelo presidente do Senado é uma posição pública de dizer que havia necessidade de fazer uma movimentação no sentido de que as delações não fossem feitas quando alguém estivesse ainda sob custódia. Essa é uma posição pública que eu mesmo ouvi várias vezes. Então não vejo nenhuma novidade", disse. O líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), chamou Machado de "cretino" e "bandido da mais alta periculosidade". "Não há nenhum fato de obstrução, mas opiniões que já foram externadas de forma pública", disse. O tucano criticou ainda as referências feitas ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) nas gravações. "Ele não apresenta um só fato, muito menos uma prova. Cita o nome de Aécio para tentar passar menos tempo na cadeia. Ele tenta levar outras pessoas para o lugar em que está e do qual não sairá: a lama". Para Cássio, nenhum governo é capaz de deter o avanço das investigações da Lava Jato. "Por mais que especulem, ela não vai parar", disse.
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