Os 300 trabalhadores demitidos ontem na GM de Gravataí e mais os 500 que poderão seguir o mesmo caminho, extinguindo assim o terceiro turno da montadora, confirma o viés de piora que experimenta o mercado de trabalho na Grande Porto Alegre, que conviveu, neste domingo, o Dia do Trabalho com a existência de 198 mil pessoas procurando uma vaga, o pior resultado dos últimos sete anos, segundo a Fundação de Economia e Estatística do Estado do Rio Grande do Sul. Entre os setores que mais sofreram desligamentos, sem ver reação do mercado, foi o metalúrgico. Esta é a pior herança do governo de desmandos do governo Dilma Roussef, que conduiu o País à pior recessão da história. Em 2015, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência Social, apontou que 95,1 mil postos de trabalho formais foram fechados no Rio Grande do Sul e 1,5 milhão no Brasil. Em março deste ano, mais de 11 milhões de pessoas passaram a procurar emprego no País, segundo o IBGE. A pesquisa do Dieese e FEE revelou ainda que, além da elevação do desemprego, os salários acumulam redução de 13,1% no comparativo dos últimos 12 meses. “Algumas empresas demitem os trabalhadores com salários mais altos e contratam outros com salário inferior”, diz a economista da FEE, Iracema Castelo Branco. A reversão desse cenário depende da mudança do governo atual do PT, que não demonstra conhecimento e capacidade para alterar os rumos da política e, consequentemente, da retomada da economia. “Estamos vivendo a pior crise desde os anos 90”, alerta o coordenador do Conselho de Relações do Trabalho e Previdência Social (Contrab) da Fiergs, Paulo Garcia; "No Rio Grande do Sul, entre os setores que mais dispensaram mão de obra foram o comércio e reparação de veículos; indústria de transformação e construção civil. As demissões acontecem porque a legislação trabalhista brasileira não dá flexibilidade para negociação com o trabalhador”. Em Gravataí, dos cerca de 800 trabalhadores da General Motors (GM) que entraram em regime de lay-off, em dezembro, pelo menos 300 não retornaram aos seus postos de trabalho. A Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul contabilizou o fechamento de 30 mil vagas na metalurgia de 2015 até o momento. “Nos últimos 12 anos, preenchemos 104 mil novas vagas. Apesar do saldo ser positivo de 2002 para cá, a queda agora é assustadora”, avalia o presidente da federação, Jairo Carneiro. Se o mercado enfrenta dificuldade de admissão de trabalhadores, no universo dos estágios e aprendizado também há incerteza. Conforme o CIEE/RS, o número de estagiários ativos estagnou na comparação com 2015, resultado da negociação com as empresas. “Estamos salientando a importância neste momento de as corporações contarem com jovens profissionais que, apesar da pouca experiência profissional, possuem uma carga de inovação e vontade de empreender”, diz o gerente de Operações do CIEE, Lucas Baldisserotto.
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