Indicado para o Banco Central pelo governo Temer, Ilan Goldfajn corre o risco de perder a primeira reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) — responsável por definir a taxa básica de juros (Selic). Devido a prazos regimentais da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, que deve escrutinar a indicação, Goldfajn depende de um acordo entre governo e oposição para ser aprovado na próxima semana. Caso esse acordo não saia, Goldfajn só deve ser sabatinado no plenário do Senado no dia 7 de junho, primeiro dia da próxima reunião do Copom. O prazo só poderia ser antecipado se houvesse um acordo de líderes, permitindo a realização da sabatina na CAE no mesmo dia em que a comissão aprovar o relatório do senador Raimundo Lira (PMDB-PB). O peemedebista afirmou que quer entregar seu relatório o mais rápido possível para que a sabatina de Goldfajn possa ser realizada já na próxima reunião do colegiado, na terça-feira (31). Depois da aprovação e da sabatina, o plenário do Senado ainda precisa aprovar a nomeação por maioria absoluta — 41 senadores. A votação é secreta. Porém, nem a presidente da CAE, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), nem o relator Lira parecem estar dispostos a descumprir os prazos regimentais. "Não vou usar a presidência da CAE para fazer oposição, mas existe um regimento a ser cumprido", disse a senadora. Por outro lado, há uma pressão de aliados de Temer no Senado para agilizar a tramitação. O próprio presidente da Casa, Renan Calheiros, pode articular para a conclusão rápida do processo. Segundo interlocutores, houve muita demora na escolha do relator e, com o clima de animosidade entre a nova base aliada e os opositores, dificilmente o relatório terá uma aprovação expressa na CAE. Assim, só conseguiriam trazer Goldfajn para ser sabatinado antes do início do Copom caso a comissão convocasse uma reunião extraordinária até quinta-feira (2). Nesta terça-feira (24), o relator Lira encontrou-se com Goldfajn. Disse que foi apenas uma conversa de cortesia. "Disse que apresentarei um relatório positivo", afirmou. Goldfajn, por sua vez, não disse muito mais do que o senador. "Vim para uma visita de cortesia. Estou feliz. Espero ser sabatinado em um futuro próximo", disse. Aos 50 anos, o economista foi escolhido pelo presidente interino Michel Temer para comandar o Banco Central em sua gestão. À frente da pesquisa econômica do Itaú até então, Goldfajn volta ao Banco Central pela segunda vez. Entre 2000 e 2003 comandou a poderosa diretoria de política econômica do banco. Primeiro com Armínio Fraga como chefe, depois com o mesmo Henrique Meirelles, com quem conviveu por sete meses no período de transição do governo Fernando Henrique Cardoso para Lula. Sua especialidade é política monetária, mas os economistas que o conhecem dizem que seus conhecimentos contemplam também a política fiscal, calcanhar de Aquiles da economia neste momento.
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