O presidente interino Michel Temer (PMDB) ordenou a realização de um pente-fino nos gastos com publicidade do governo, o que vai implicar corte do financiamento de sites e blogs pró-PT que eram beneficiados na gestão Dilma Rousseff. A informação foi antecipada pelo jornal "O Globo". Segundo auxiliares de Temer, a ordem é que o dinheiro destinado à publicidade não deve financiar opinião, mas sim produtos jornalísticos de interesse público. A partir desta semana, a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) fará um levantamento do dinheiro e contratos disponíveis na área para que a diretriz do peemedebista seja aplicada. Durante os governos Dilma e Lula, sites e blogs simpáticos ao PT recebiam financiamento do Planalto e, muitas vezes, eram privilegiados em entrevistas exclusivas com a presidente agora afastada e com o ex-presidente. A prática foi alvo de críticas da oposição e levou o então ministro da Secom, Thomas Traumann, ao Congresso no ano passado para esclarecer o financiamento a esse tipo de publicação e o uso de robôs virtuais para o envio de mensagens automáticas, revelada em um documento vazado da própria secretaria. No governo Temer, a Secom, que ficará sob a responsabilidade do jornalista Márcio Freitas, perderá o status de ministério, mas manterá toda a estrutura e recursos. A secretaria cuidará da verba publicitária, imprensa nacional e estrangeira, veiculação de notícias em sites e blogs, entre outros. Os gastos previstos com propaganda da Presidência, tanto institucional como de utilidade pública, era de R$ 252 milhões. Desse valor, até o fim de abril, tinham sido pagos cerca de R$ 80 milhões, segundo dados do sistema de orçamento federal. Assessores do presidente interino dizem que a redução de gastos, uma das prioridades do governo peemedebista, será também aplicada na Secom, mas campanhas publicitárias de emergência, como a do combate à epidemia de zika, vão ser analisadas e, provavelmente, mantidas. O ministério das Comunicações, sob a batuta de Gilberto Kassab (PSD), continuará cuidado do setor de telecomunicações, internet, TV, rádio e concessões. Também na área de Comunicação, Temer vai trocar a direção da EBC (Empresa Brasil de Comunicação). O jornalista Ricardo Melo será substituído pelo também jornalista Laerte Rímoli. A diretoria executiva da EBC, porém, reagiu à mudança e divulgou nota afirmando que a lei prevê mandato de quatro anos para o presidente da empresa, independentemente do mandato do presidente da República. Ainda assim, a direção pode ser trocada por decisão do Conselho Curador do órgão. Auxiliares de Temer, por sua vez, dizem que a então presidente Dilma Rousseff nomeou Melo "às pressas", na véspera da votação do impeachment no Senado. Eles afirmam que se for preciso mudar leis ou estatutos para garantir a troca, isso será feito. Rímoli trabalhou na campanha de Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência em 2014 e foi diretor de comunicação da Câmara na gestão do então presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
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