quarta-feira, 4 de maio de 2016

Advogados de José Dirceu, o "guerreiro do povo brasileiro", atacam delatores em defesa final


A defesa do ex-ministro da Casa Civil, o bandido petista mensaleiro José Dirceu, chamado pelos petistas de "guerreiro do povo brasileiro", apresentou nesta terça-feira ao juiz federal Sergio Moro as alegações finais no processo em que ele é réu por corrupção e lavagem de dinheiro. A peça afirma que o petista não participou do esquema de corrupção na Petrobras e distribui ataques a procuradores da Operação Lava Jato e delatores que citaram José Dirceu em depoimentos. A fase de alegações finais da defesa e do Ministério Público precede o anúncio da sentença pelo juiz. No início de abril, o Ministério Público Federal apontou elementos para a condenação de José Dirceu e mais treze pessoas, entre as quais o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, os executivos da Engevix, empreiteiros propineiros Gerson Almada, José Antunes Sobrinho e Cristiano Kok, o irmão de José Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, Roberto Marques, o "faz-tudo" do petista, e o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque. No documento de alegações enviado a Sérgio Moro, os advogados de José Dirceu afirmam que os delatores que o implicaram em seus depoimentos sempre usaram seu nome como uma "marca" para obter vantagens financeiras e, agora, estariam fazendo o mesmo em troca de vantagens jurídicas. "A 'entrega' de um nome interessante, ligado a um partido político - altamente impopular atualmente, diga-se", foi, conforme a defesa de José Dirceu, "uma oportunidade mais do que atraente a qualquer pessoa que estivesse com sua liberdade seriamente ameaçada". Um dos delatores mencionados pela defesa do ex-ministro é o lobista Fernando Moura, apontado como operador de propinas do PT, cujo acordo de colaboração o Ministério Público quer anular. De acordo com o Ministério Público, Fernando Moura mentiu em interrogatório ao atribuir a José Dirceu uma "dica" para que deixasse o Brasil durante o escândalo do Mensalão do PT. Em uma primeira versão, Fernando Moura responsabilizou o petista pela ordem; depois, admitiu a mentira e disse que não saiu do Brasil por sugestão do ex-ministro. "É de se relembrar que José Dirceu está preso desde agosto passado, em razão de ter sido acusado por Fernando Moura de supostamente ter-lhe dado 'uma dica' para fugisse do País", argumenta a defesa. A defesa de José Dirceu tenta argumentar pela inocência do petista comparando a situação financeira do ex-ministro, "devendo empréstimo obtido ao Banco do Brasil", à dos delatores que "ficaram milionários, e usaram parte de tais milhões para arcarem com seus acordos de colaboração". Os advogados de José Dirceu também atacam os procuradores da Lava Jato, acusados de "escolher a dedo trechos de depoimentos que satisfazem sua pretensão acusatória" e não confrontarem os depoimentos dos colaboradores premiados a outras provas. "Essa verdade não interessa aos procuradores e à opinião pública. É, pois, uma verdade considerada 'sem graça'. E 'uma verdade sem graça' pode ser eclipsada por uma excitante mentira", conclui. Condenado, José Dirceu, conforme os petistas o "guerreiro do povo brasileiro", não deverá sair vivo da cadeia. 

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