O senador José Serra (PSDB-SP) usou seu perfil no Facebook neste sábado para pressionar seu partido a aderir oficialmente a um eventual governo de Michel Temer (PMDB). Segundo Serra, "seria bizarro o PSDB ajudar a fazer o impeachment de Dilma e depois, por questiúnculas e cálculos mesquinhos, lavar as mãos e fugir a suas responsabilidades com o país". A disputa dentro do principal partido de oposição à gestão de Dilma Rousseff (PT) sobre a adesão ou não ao novo governo, caso a abertura do impeachment da presidente seja aprovado no Senado, está dividindo as lideranças tucanas. Enquanto nos últimos dias nomes ligados ao presidente nacional da sigla, senador Aécio Neves (MG), e ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) defenderam por ora maior distância de Temer, neste sábado foi a vez de Serra deixar claro seu ponto de vista a favor da participação. "Eu concordo com o senador Aloysio Nunes Ferreira: se o futuro presidente Michel Temer aceitar os pontos programáticos do PSDB, o partido deve apoiar o governo. E se apoiar o governo e for convidado, deve participar do governo", escreveu o ex-governador paulista em seu perfil na rede social. Ele se referia a uma declaração feita horas antes por Nunes, seu aliado e senador por São Paulo, que postou um vídeo também no Facebook em que praticamente dá como certa a participação do partido na gestão de Temer. De acordo com Nunes, o PSDB "não vai faltar com a sua responsabilidade", já que participou ativamente do processo de impeachment. "Agora, cumprida essa etapa, cabe a nós ajudarmos o novo governo com todas as forças, para que o governo (...) de Michel Temer possa ter condições de enfrentar a crise", disse. O presidente do PMDB, o senador Romero Jucá, disse neste sábado que "está garantida" a presença do PSDB na base parlamentar de um eventual governo Michel Temer. "O importante para a coalizão não é a ocupação de cargos, mas a participação do PSDB no agrupamento político, na base, o que vai efetivamente trazer mudanças estruturais para o país. O PSDB está engajado", disse o senador, após reunião de duas horas no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente em Brasília. O PSDB definirá, no dia 3 de maio, se o partido aceitará ocupar cargos oferecidos por Temer, se ele assumir a presidência. "Não há distanciamento, mas sim uma discussão interna e legítima. O PSDB tem excelentes quadros que poderiam ajudar qualquer governo, mas é uma decisão interna que nós vamos respeitar", disse Jucá. Para ele, tucanos são "muito importantes para a união e para a retomada da atividade econômica do país". Jucá criticou ainda a fala da presidente Dilma Rousseff, de que os defensores de seu afastamento estão "vendendo terreno na lua" para chegar ao poder. "O vice-presidente não está garantindo cargo para ninguém, vendendo ou entregando nada, nem nomeando ninguém, até porque não estamos no poder", disse Jucá. "O atual governo nomeou muita gente na tentativa de não passar o impeachment na Câmara, uma política que mostrou que não dá resultado", completou. O senador disse que o PMDB está conversando com vários partidos para definir a formação de um bloco político parlamentar para recuperar o país. "A nenhum deles (partidos) cabe essa reprimenda de Dilma", disse. "Estamos discutindo um futuro governo para o caso de o Senado decidir afastá-la, algo que vamos aguardar com tranquilidade", acrescentou.
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