sexta-feira, 29 de abril de 2016

Eletrobras afasta executivos citados em depoimentos na Lava Jato


Dois diretores e um gerente da Eletronuclear citados em depoimentos da operação Radioatividade, um desmembramento da Lava Jato, foram afastados de suas funções. Os afastamentos foram decididos pelo Conselho de Administração da Eletrobras, sem ordem judicial. A medida vem sendo adotada pela companhia para se precaver de futuras buscas da Polícia Federal, que investiga as obras da usina nuclear de Angra 3. O conselho afastou, na segunda-feira (25), o diretor de Administração e Finanças da Eletronuclear, Edno Negrini. A decisão aconteceu após o executivo ter sido citado por ex-diretores da empreiteira Andrade Gutierrez, em depoimento na Justiça Federal, como beneficiário de propina na obra da usina nuclear de Angra 3. Negrini era um dos indicados do PMDB na Eletronuclear – sua indicação foi feita pelo ex-ministro de Minas e Energia, Edson Lobão. Anteriormente, Luiz Soares, diretor técnico da obra da usina nuclear de Angra 3, e Luís Amaral Messias, gerente da obra, também haviam deixado seus cargos por determinação do conselho. A dupla é citada nas investigações como beneficiária de propina. Em e-mails de então diretores da Andrade Gutierrez, Soares é chamado de "Botafoguense" e Messias, de "Dr. Vasco". Ambos foram citados na segunda (25) por Clóvis Renato Peixoto Primo, ex-diretor-geral da Andrade Gutierrez. Primo prestou depoimento na 7ª Vara Federal Criminal, do Rio de Janeiro. De acordo com ele, havia uma combinação de empresas para pagarem propina a um grupo de diretores, entre eles, Soares e Messias. Os diretores ficariam com 1% do valor de contrato de Angra 3. Em seu depoimento, Primo disse que Soares receberia a propina através de um contrato de fachada com a empresa Flex System. Já Messias é acusado de ter recebido R$ 50 mil em dinheiro, de acordo com o ex-diretor-geral da Andrade. "Botafoguense" e "Dr. Vasco" aparecem ainda em documentos da Lava Jato tentando rebaixar o preço da licitação definido em cartel por um grupo de empreiteiras que disputaram a construção de Angra 3. A suspeita era que ação dos diretores pretendia reverter o dinheiro em ganhos próprios. Os conselheiros da Eletrobras determinaram que as salas usadas pelos três executivos afastados fossem lacradas por tempo indeterminado, proibindo o acesso de pessoas. A ideia partiu do setor jurídico da Eletrobras, após manifestação da consultoria Hogan, contratada pela estatal para auxiliar na gestão da crise.

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