terça-feira, 26 de abril de 2016

CPI do Carf aprova convocação de Joseph Safra sob suspeita de propina

A CPI do Carf aprovou nesta terça-feira (26) a convocação de Joseph Safra, acionista majoritário do grupo que leva seu nome, e o ex-diretor do grupo, João Inácio Puga, acusados pelo Ministério Público de pagamento de propina para obter benefícios em um julgamento do conselho. É a primeira vez que a CPI faz convocações diretamente ligadas a uma grande empresa suspeita de ter envolvimento com a corrupção no Carf. O grupo Safra nega as acusações e sustenta que nunca ofereceu propina. O requerimento de convocação de Joseph Safra provocou polêmica na CPI. O deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) argumentou que ele "não é conselheiro do banco, não é presidente do banco, é acionista do banco". "Vamos aqui convocar um acionista do banco, sob qual pretexto?", disse Aleluia. Autor do requerimento, o deputado Altineu Côrtes (PMDB-RJ) defendeu a convocação. "Ele está denunciado, não tem por que a CPI deixar de aprovar esse requerimento", afirmou. Aleluia pediu uma votação nominal e foi derrotado por 12 votos favoráveis à convocação de Joseph Safra. Apenas dois, ele e o deputado Hildo Rocha (PMDB-MA), votaram contra. Não há data ainda para o depoimento. Isso depende de iniciativa do presidente da CPI, deputado Pedro Fernandes (PTB-MA), que marca uma data e determina a intimação dos convocados. Os outros denunciados no caso Safra também tiveram a convocação para a CPI aprovada nesta terça: Eduardo Leite e Lutero Fernandes, funcionários da Receita, o ex-conselheiro do Carf, Jorge Victor Rodrigues e Jefferson Salazar, auditor aposentado. De acordo com a ação do Ministério Público Federal, Puga discutia montantes e formas de pagamento, mas só os liberava mediante o aval de Joseph Safra, segundo na lista da "Forbes" dos homens mais ricos do país em 2015. A Procuradoria aponta que houve a negociação de R$ 15,3 milhões de propina por causa de três processos da JS Administração de Recursos, um dos braços do grupo, que tinha multas no Carf que somavam R$ 1,8 bilhão. A CPI ainda aprovou as convocações de outros denunciados nas investigações da Operação Zelotes, como o lobista Mauro Marcondes, sua mulher, Cristina Mautoni, o advogado José Ricardo, e o ex-presidente da Mitsubishi Paulo Arantes Ferraz. Nesse caso, refere-se à investigação sobre a suspeita de compra de medidas provisórias para beneficiar o setor automotivo, objeto de uma outra denúncia da Zelotes. 

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