Menos de um mês depois de pedir desfiliação do PT por discordâncias com a gestão da presidente Dilma Rousseff (PT), o senador Walter Pinheiro (sem partido-BA) vai deixar o Senado para assumir um cargo no governo da Bahia, comandado por Rui Costa (PT). A decisão do senador de assumir a Secretaria de Educação da Bahia foi confirmada pelo próprio Pinheiro nesta segunda-feira (25). A posse no cargo, no entanto, deverá acontecer somente em maio, após a votação do processo de admissibilidade do impeachment da presidente Dilma no Senado. "Desta primeira votação, para instauração do processo, eu devo participar", disse Pinheiro, que afirma já ter uma decisão sobre o impeachment, mas não a divulgará até a votação. Pinheiro faz parte de um grupo de sete senadores que defende a aprovação de uma PEC (Proposta de Emenda a Constituição) para a realização de novas eleições para presidente em outubro, junto com as eleições municipais. Fazem parte deste grupo os senadores Paulo Paim (PT-RS), Cristóvão Buarque (PPS-DF), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Lídice da Mata (PSB-BA) e João Capiberibe (PSB-AP). "Não acho certo essa história de sai Dilma, entra Michel Temer. Sou a favor do impedimento do atual governo, formado pelo consórcio PT-PMDB. É mais legítimo deixar o povo escolher uma pessoa que possa unir o País", diz. Sobre a decisão de assumir um cargo no governo baiano, Pinheiro afirma que, apesar de suas discordâncias com a condução do governo federal, não tem críticas a fazer sobre a gestão de Rui Costa na Bahia. "Nunca me coloquei como oposição ao governador. É um governo que trilha um caminho correto da boa gestão e da correção. Será motivo de orgulho poder contribuir", diz o senador. Segundo Pinheiro, o convite para a secretaria foi "de caráter pessoal, não partidário". E diz que não pretende se filiar a um novo partido nos próximos meses. Antes de eleger-se para o Senado, Pinheiro já havia ocupado a Secretaria de Planejamento da Bahia na gestão Jaques Wagner (PT). No lugar de Pinheiro, vai assumir uma cadeira no senado o ex-deputado estadual Roberto Muniz (PP), ligado ao vice-governador da Bahia, João Leão (PP). Caso a abertura do processo de impeachment seja acatada pelo Senado, caberá ao suplente participar da votação que dará a decisão final sobre a deposição da presidente. Muniz foi secretário-executivo do Ministério das Cidades em 2011, durante a gestão do então ministro Mário Negromonte, e foi exonerado após denúncias de irregularidades. Na época, foi revelado que Negromonte e Muniz participaram de reuniões privadas com um empresário e um lobista interessados num projeto do ministério. Hoje conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia, indicado para o cargo por Jaques Wagner, Negromonte foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado pela Procuradoria Geral da República na Operação Lava Jato.
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