quinta-feira, 3 de março de 2016

Venda de ativos da Petrobras ganha força para tentar reduzir dívida



Depois aceitar sair de áreas de negócio e oferecer mais ativos ao mercado, a Petrobras começou a progredir no seu plano de venda de patrimônio. O processo, no entanto, continua mais lento que o esperado. Estão em estágio avançado as negociações para venda de dois campos de petróleo e dos 81% da estatal na subsidiária que controla a malha de gasodutos Sul e Sudeste, além da fatia de 49% na Braskem. Além disso, a Petrobras comunicou aos investidores nesta quarta-feira (2) que negocia com a Pampa Energia a venda das operações na Argentina e que buscará interessados em campos terrestres de petróleo. As vendas fazem parte do plano da Petrobras de arrecadar US$ 14,1 bilhões neste ano para reduzir sua dívida, que chega a US$ 100 bilhões. Até agora, a empresa só conseguiu vender 49% da Gaspetro por US$ 1,9 bilhão. As negociações exclusivas com a Pampa Energia para a venda da subsidiária argentina têm um prazo de 30 dias, renováveis pelo mesmo período. O pacote incluiu refinarias, postos de combustíveis e campos de petróleo. A Pampa Energia ofereceu US$ 1,2 bilhão pela operação, mas a avaliação interna da Petrobras é que seus ativos no país vizinho valem US$ 1,5 bilhão. A YPF também chegou a fazer uma proposta, mas em valor menor. Para chegar a um acordo com a Pampa, a Petrobras contratou consultorias externas que vão estimar o valor do negócio. Outra dificuldade é livrar a estatal de uma cláusula que prevê que eventuais passivos descobertos após a venda sejam descontados do preço inicial. A Petrobras também avançou na venda de dois campos de petróleo, após a decepção com o primeiro pacote que ofereceu ao mercado – todos campos em fase de exploração, que demandam altos investimentos. Os dois campos que atraíram compradores já estão em produção: Golfinho, na bacia do Espírito Santo, e Baúna, em Santos. Pelo menos duas empresas, a PetroRio e a australiana Karoon, entregaram propostas por essas áreas. Baúna vale cerca de US$ 500 milhões, mas há dificuldades para a venda de Golfinho. Como se trata de uma área madura, é preciso avaliar se a quantidade de petróleo que ainda é possível tirar de lá compensa o custo de desmobilização das máquinas quando o óleo acabar. A Petrobras também informou ao mercado que aprovou a venda de campos terrestres. São projetos de menor produção, já em final da vida útil, a sua maioria na região Nordeste. A estratégia é vender pacotes desses campos, que podem atrair petroleiras de menor porte. Outro processo que pode render um bom dinheiro à Petrobras é a venda da malha de gasodutos, a antiga TAG. Para atrair a atenção dos compradores, a empresa foi dividida em duas: NTS (gasodutos do Sul e do Sudeste) e NTN (gasodutos do Norte e Nordeste). Fundos de investimento e empresas do ramo têm interesse no negócio, que recebe um pagamento mensal fixo pelo transporte de gás, funcionando quase como uma renda fixa. A estatal recebeu nesta semana propostas para a NTS – uma delas da Engie (antiga Suez). A estatal, no entanto, não definiu ainda se vai vender apenas a NTS ou se tentará incluir também a NTN. O principal problema é a dívida da antiga TAG. Conforme o último dado disponível, no fim de 2014, a empresa tinha R$ 23 bilhões em dívida, sendo R$ 18 bilhões em dólar. Com a desvalorização do real, esse valor já deve ter subido significativamente. Ainda não há definição de quanto a NTS assumiria dessa dívida. Dependendo do valor, a receita pode não compensar a dívida, tornando a operação inviável para o futuro comprador. 

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