O PT arreganha os dentes. Enquanto deu as cartas no país, demonizou e destruiu quem quis, sem dar a ninguém chance de defesa. Agora que o partido e seu chefão estão submetidos à lei, petista vem nos ameaçar com sangue nas ruas
Por Reinaldo Azevedo - Gilberto Carvalho, que foi chefe de gabinete de Lula por oito anos e, por quatro, secretário-geral da Presidência, está hoje no comando do Conselho Nacional do Sesi. A sinecura lhe garante vida boa e tempo para falar bobagem pelos cotovelos. Inclusive para ameaçar as instituições. Ele não é um qualquer. Depois de Lula, é o segundo homem mais influente do PT. Também era braço-direito de Celso Daniel, prefeito petista de Santo André que foi assassinado em 2002 em circunstâncias nebulosas. Sim, Carvalho acabou sendo personagem de narrativas um tanto estranhas sobre aquele caso. Carvalho concede uma patética entrevista a Natuza Nery na Folha desta segunda-feira — patética pelas respostas, bem entendido. O trabalho de Natuza está bem-feito. Afinal, o gigante se revelou em toda a sua nanica grandeza. A quase totalidade de seu chororô beira o ridículo. Ele insiste, por exemplo, que o tal sítio de Atibaia foi um presente de amigos para Lula, que nunca nem quis saber de onde saía o dinheiro para toda aquela fartura. Não dá para levar a sério. Depois desenvolve a tese, já tornada pública por Rui Falcão, que setores da Polícia Federal e do Ministério Público Federal são tomados de antipetismo congênito. Segundo Carvalho, os pais dos jovens delegados e procuradores batem panela. Bem, ainda que assim fosse, o que ele tem com isso? Seria o caso de fazer um teste ideológico nos dois entes e só aceitar indivíduos de esquerda? O homem que pertence ao partido que apela a milicianos para bater em adversários nas ruas diz estar em curso no País uma espécie de fascismo. Por “fascistas”, claro!, entendam-se todos aqueles que repudiam os malfeitos do PT. É um lixo moral. Mas isso tudo é bobajada sem importância. A coisa fica séria quando Gilberto Carvalho ameaça o País com o caos caso Lula seja preso — e, obviamente, Lula só será preso se houver lei que dê amparo a tal decisão. Logo, Carvalho está dizendo que as leis se submetem ao PT, mas o PT não se submete às leis. Não se trata de interpretação. Ele foi explícito. Prestem atenção ao que disse quando indagado sobre uma eventual prisão de Lula: “Eu não quero falar nessa hipótese, espero sinceramente que não aconteça. Eu só espero que eles não brinquem com fogo. A tese que eles desenvolveram é a tese de que o Lula é uma estátua de gelo, que basta você encostar perto do fogo que ela vai derreter. Essa foi a tese que eles seguiram, na expressão de um cara deles, que eu fiquei sabendo. Então, eles tentaram desmoralizar o Lula primeiro isolando-o da massa para depois chegar nele. Na sexta ficou evidente que isso não é tão simples assim". O que se entende por “brincar com fogo”? Carvalho está dizendo que o PT vai incendiar o país se Lula for submetido à lei? Indagado sobre uma possível radicalização, o irresponsável chega a falar que teme conflitos no dia 13 próximo, num claro esforço para amedrontar a população. As maiores manifestações políticas da história do país, em favor do impeachment, sempre foram pacíficas. Justamente porque não contaram com a presença de petistas. Leiam o que disse: “Vai depender, a meu juízo, do comportamento da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário. Se houver um reequilíbrio e ficar claro que a Lava Jato busca combater a corrupção, não o Lula, acho que a sociedade vai compreender. Mas, se continuar tão explicitamente como foi demonstrado na sexta-feira e em outras ocasiões, esse direcionamento persecutório de uma força política de um líder, como é o caso do Lula, aí eu temo muito por um processo que nos leve ao que acontece na Venezuela, porque você vai levando ao processo de justiçamento, de justiça com as próprias mãos, e haverá um ódio progressivo. Não foi nada bom o que ocorreu na sexta, as manifestações à tarde. Estou convencido de que pode ocorrer no dia 13, mas temos que ter maturidade de não insuflar ou estimular esse tipo de manifestação. Temos de buscar o contrário, buscar o entendimento e a paz". Como se nota, Carvalho é aquele que, primeiro insufla e, depois, pede paz. O PT arreganha os dentes. Enquanto deu as cartas no país, demonizou e destruiu quem quis, sem dar a ninguém chance de defesa. Agora que o partido e Lula estão submetidos à lei, Carvalho vem nos ameaçar com sangue nas ruas. Só para registro: no ano retrasado, o canalha Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, matou mais de 40 pessoas em protestos de rua. Quando Carvalho fala em venezuelização, e considerando que é o seu partido que está no poder, fica claro de que lado estariam os assassinos e de que lado estariam os assassinados. De vários modos, o Brasil não é a Venezuela. E eu vou lembrar aos senhor Carvalho por quê.
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