Parlamentares de partidos de oposição decidiram aditar trechos das informações preliminares prestadas pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS) em busca de um acordo de delação premiada com a Lava Jato no processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, instaurado em dezembro do ano passado. A intenção dos oposicionistas é turbinar as denúncias, até então restritas a manobras fiscais, com as declarações de que a petista também esteve envolvida no escândalo de corrupção da Petrobras. Trechos do que Delcídio pretende detalhar em um eventual acordo de delação foram divulgados nesta quinta-feira pela revista Isto É. O senador acusou a presidente Dilma de atuar três vezes para interferir nas investigações do petrolão por meio do Judiciário. "É indiscutível e inegável a movimentação sistemática do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da própria presidente Dilma Rousseff, no sentido de promover a soltura de réus presos na operação", afirmou Delcídio, segundo a revista. Uma das investidas da presidente Dilma, segundo Delcídio, passava pela nomeação do desembargador Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) para agir pela soltura de empreiteiros. O petista afirmou ainda que Dilma tinha "pleno conhecimento" de todo o processo de aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas, responsável por um prejuízo de 792 milhões de dólares aos cofres da Petrobras. À época da compra, a petista comandava o Conselho de Administração da estatal. "O fato concreto é que o Brasil está frente ao momento mais grave dessas denúncias. Se confirmadas, a presidente Dilma Rousseff não tem mais condições de continuar governando o país", afirmou o senador Aécio Neves (PSDB-MG). "Seria uma omissão imperdoável das oposições não permitir que a comissão do impeachment e o plenário da Câmara não se debrucem também sobre essas informações. Caberá às investigações analisar comprovar a veracidade delas", continuou o tucano. De acordo com Aécio, a inclusão das novas denúncias será formalizada na próxima segunda-feira pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal, responsáveis pelo processo de impeachment contra Dilma. Para a oposição, como o processo já foi aberto, mas ainda não houve início de tramitação ou apresentação da defesa, a delação pode ser aditada sem prejuízo à ação e não precisaria ser avalizada pelo presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ainda mais enfraquecido após tornar-se réu pelo Supremo Tribunal Federal. Em outra frente, a oposição quer apresentar as informações da delação de Delcídio ao Tribunal Superior Eleitoral, onde Dilma também enfrenta um processo de cassação, para apurar os fatos narrados pelo petista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário